Pelos rios, por muito tempo, circularam mercadorias e passageiros no Rio Grande do Sul. O desenvolvimento econômico e o povoamento estão diretamente ligados ao transporte fluvial. A Companhia de Navegação Arnt foi uma das mais importantes. Em 1875, o filho de imigrantes alemães Jacob Arnt começou a atuar como comandante do vapor Taquari, que fazia a linha de Taquari a Porto Alegre. Quatro anos depois, em novembro de 1879, fundou a empresa Jacob Arnt e Cia.
Para comprar o velho Vapor Taquari, que pouco depois naufragou, Arnt deu em troca uma fazenda. Ele também mandou trazer um vapor da Alemanha, que chegou desmontado e ganhou o nome de Teutônia I. As embarcações percorriam os rios Taquari e Jacuí até chegar ao porto no Guaíba. A viagem da capital a Taquari durava de seis a sete horas. Outras quatro ou cinco horas eram necessárias para percorrer o trecho de Taquari a Lajeado. Os vapores paravam em outros portos no caminho. Por um bom tempo, usaram lenha como combustível. Depois, substituíram pelo óleo.
Em 1884, Arnt participou com outras três empresas da Companhia Fluvial. A sociedade se dissolveu no início do século 20. Jacob Arnt arrendou novos navios e comprou na Europa, em 1905, o Vapor Brasil, o principal da frota por muito tempo. Em dezembro de 1928, com o fundador já doente, os acionistas passaram a gerência para o filho Leopoldo Arnt. Jacob ficou com o cargo de gerente honorário e morreu em 1942, aos 89 anos.
A empresa teve vários tipos de embarcações, porque os rios ficavam com nível muito baixo nos períodos de estiagem. Os vapores eram os maiores e mais confortáveis, com camarotes equipados com beliches. Uma comodidade para as longas viagens. No valor da passagem de Porto Alegre a Taquari, estavam incluídos almoço e janta, dependendo do horário.
As embarcações levavam para a capital gaúcha a produção colonial e voltavam com itens necessários para o desenvolvimento da região. Os vapores também faziam o serviço postal. Em 1933, a companhia transportou 75 mil passageiros. Em 1949, eram aproximadamente 30 barcos, além de 249 empregados nas embarcações, estaleiros e portos em diferentes pontos dos rios Jacuí e Taquari.
A companhia de navegação teve diferentes nomes até 1965, quando decretou falência. O transporte rodoviário tirou cargas e passageiros dos rios. Jacob Arnt ficou na história dos pioneiros do transporte fluvial.
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