Os padres jesuítas e índios guaranis venceram os bandeirantes paulistas numa batalha épica 380 anos atrás. O pesquisador e professor aposentado José Roberto de Oliveira recupera a história do confronto no livro M´Bororé - A Batalha (Editora Tenonde). A edição com quadrinhos desenhados por Clayton Cardoso será lançada nesta sexta-feira (10) em Porto Vera Cruz, na região das Missões, local principal da batalha.
Desde 1629, os bandeirantes atacavam as reduções jesuíticas em busca de escravos indígenas para trabalhar nas suas lavouras de São Paulo e no Centro-Oeste do Brasil. Cansado das incursões, o Padre Montoya pediu e recebeu autorização da coroa espanhola para o uso de armas de fogo na defesa. Os índios foram preparados por um ano para um grande ataque dos portugueses.
Em 11 de março 1641, quase sete mil bandeirantes, incluindo mamelucos e tupis, chegaram à região entre os atuais municípios de Porto Vera Cruz, no Brasil, e Panambi, na Argentina. Eles saíram de São Paulo e vieram até Santa Catarina por terra, descendo em canoas pelo Rio Uruguai. Os invasores foram recepcionados por 4.200 guaranis, dentro de embarcações no rio e nas margens.
As operações foram dirigidas pelo Padre Romero, com líderes indígenas das reduções que ficavam nos dois lados do Rio Uruguai. A batalha ocorreu na água por cinco dias seguidos e depois os ataques continuaram por terra. Além das armas de fogo, os guaranis usaram flechas, lanças e outros objetos artesanais. No final de 1641, houve uma nova tentativa de invasão, mas também foi rechaçada pelos nativos e jesuítas. Aproximadamente 250 sobreviventes das forças bandeirantes chegaram a São Paulo somente dois anos depois.
O pesquisador José Roberto de Oliveira diz que foram poucas mortes no lado dos guaranis. Ele destaca que a vitória dos missioneiros foi tão importante que os bandeirantes jamais voltaram a atacar as reduções jesuíticas, mudando a política expansionista no Brasil. O livro mostra a relevância da batalha e dos guaranis na formação do povo gaúcho.
M´Bororé era um rio, com foz no Rio Uruguai. Atualmente, é um cerro no município de Panambi, no lado argentino.
Colabore com sugestões sobre curiosidades históricas, imagens, livros e pesquisas pelo e-mail da coluna (leandro.staudt@rdgaucha.com.br)