O bonde elétrico da linha Menino Deus, número 40, saiu da Praça da Alfândega no final da tarde de 13 de agosto de 1920. Era uma sexta-feira de chuva, já anoitecendo. O veículo estava lotado, com o fim do expediente de muitos trabalhadores. Um segundo carro era rebocado, também cheio de gente. A viagem em direção ao bairro começou subindo a Rua da Praia. Quando chegou em frente ao café A Suissa, começou uma confusão.
Papagaio era um conhecido vendedor de bilhetes de loteria em Porto Alegre. Era assim que chamavam Amadeu Guilhermelli nos cafés e ruas do Centro. Naquele final de tarde, ele pulou no reboque do bonde. Papagaio tentou se sentar, mas acabou impedido por outro passageiro. Hypolito do Rego Barros alegou que o banco já estava lotado. Papagaio não aceitou a recusa e os dois começaram uma discussão. Quando o incidente parecia resolvido, já no cruzamento com a Rua Vigário José Inácio, o vendedor de bilhetes de loteria sacou revólver e fez dois disparados.
Uma jovem passageira, Lygia da Silva Pontes, 20, foi atingida no peito e morreu. Outro disparo feriu na cabeça o homem que recusara a presença de Papagaio no banco do bonde. Barros foi socorrido e morreu naquela noite na Santa Casa.
O assassino foi preso em flagrante e levado à Casa de Correção. Nada encontrei sobre tempo de condenação de Papagaio pelo crime na Rua da Praia.
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