Eu usei muito as enciclopédias na biblioteca da escola. Nos verbetes, as respostas para dúvidas nos trabalhos. Quase tudo estava naquelas coleções. As enciclopédias reúnem o mais importante do conhecimento da humanidade. Podiam ser compradas nas lojas ou com ambulantes. Com frequência, os vendedores batiam palmas na frente da minha casa. Um trabalho que exigia resistência física, pelo peso dos volumes, e capacidade de convencimento. A coleção completa, com milhares de páginas, era cara. As famílias faziam um investimento.
A Enciclopédia Barsa foi a primeira brasileira. Se você não sabia de algo, era só procurar na Barsa. A publicação foi lançada no Brasil em março de 1964 pela Encyclopedia Britannica. Com supervisão do jornalista Antônio Calado, foi planejada e redigida por 268 intelectuais brasileiros. O grupo tinha nomes como Jorge Amado e Oscar Niemeyer. Em mais de sete mil páginas, os brasileiros puderam encontrar quase 17 mil verbetes, incluindo personalidades nacionais como Pelé, Jânio Quadros, João Goulart e Vinicius de Moraes.
Depois de cinco anos em produção, a Barsa chegou ao mercado com 14 volumes, ganhando outros dois nos meses seguintes. O verbete com maior espaço foi sobre o Brasil, que ocupou 126 páginas. O desafio de manter atualizada a edição antes da chegada ao mercado foi grande. As mortes do Papa João XXIII e do presidente dos Estados Unidos John Kennedy, em 1963, obrigaram a reimpressão de parte dos volumes. A enciclopédia trazia também muitas fotos e mapas. Antes da Barsa, o mercado brasileiro recebia publicações em outros idiomas. O nome surgiu da união de sílabas dos sobrenomes de Dorita Barret, da família dona da Britannica, e do marido Alfredo de Almeida Sá, diplomata brasileiro.
A Barsa ganhou concorrentes ao longo do tempo. Com a popularização do computador, as consultas podiam ser feitas também em CD-ROM. A enciclopédia pioneira no Brasil foi comprada pela Editora Planeta, que mantém a venda das versões em papel e de acesso digital.
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