Após a derrota do Brasil para a Alemanha, por 7 a 1, em plena Copa do Mundo no Brasil, o telefone do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, tocou. Do outro lado da linha, ninguém menos do que o Rei do Futebol. Era Pelé, que havia sido colega de Mendes no governo Fernando Henrique Cardoso. O rei buscava uma explicação - que até hoje não temos - sobre o que acabara de ocorrer no Mineirão.
- Ele me ligou e falou 'ministro, o senhor que entende de futebol, o que é que foi isso, me explica!'. Eu disse a ele que eu não sabia explicar o que aconteceu. E pior é que eu estava lá - contou, saudoso, ao programa Timeline da Rádio Gaúcha.
- Mas eu continuei a ligação dizendo 'eu me lembro que o Santos de Pelé, em 66, perdeu para o Cruzeiro por 6 a 2 e eu também não sei explicar, porque eu não imaginava que o Pelé pudesse perder um jogo dessa maneira'. E aí ele riu. 'Ah, eu tinha me esquecido disso' - completou o ministro.
Gilmar Mendes e Pelé se tornaram amigos a partir da convivência no governo FHC. Pelé era ministro do Esporte e Gilmar Mendes chefiava a Advocacia-Geral da União. Ambos trabalharam na elaboração da chamada "Lei Pelé", sancionada em março de 1998, que prevê as normas gerais sobre a prática do esporte no Brasil.
- A vida me deu um dos maiores presentes que foi conviver com Pelé no governo. Trabalhamos a Lei Pelé, que era o primeiro grande avanço da área, acabar com a Lei do Passe, proteger o consumidor, a discussão sobre perceber o clube como uma empresa. E o Pelé trouxe essa discussão. Ficamos amigos - relembrou.
O ministro disse que, por diversas vezes, recebeu o Rei em Brasília. Por conta dessa amizade, Gilmar Mendes fez questão de ir até Santos para acompanhar o velório e prestar homenagens, na despedida do maior de todos do futebol.
- Ele muitas vezes me visitou em Brasília, trazendo livros. Me trouxe aquele filme, o DVD "Pelé Eterno" e sempre conversávamos. Eu digo que não sou apenas santista, eu sou pelezista - explicou.