É inacreditável constatar a forma tranquila como vândalos extremistas acessaram os prédios que simbolizam o Estado Democrático de Direito no Brasil neste domingo (8), em Brasília. Escoltado pela polícia do Distrito Federal, o grupo marchou rumo à Praça dos Três Poderes e invadiu o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a Suprema Corte. Tudo à luz do dia e, pasmem, filmado por quem o fazia,
Uma olhada rápida em qualquer aplicativo de localização mostra que a caminhada desde o QG do Exército, onde havia um acampamento de manifestantes, até o local onde houve a depredação leva cerca de uma hora e 40minutos. Isso significa que, no mínimo, haveria tempo de sobra para que as forças policiais ao menos se preparassem para o caso de uma tentativa de invasão.
Mas não. Não houve absolutamente nada para impedi-los. Eles caminharam normalmente até os locais alvos e, chegando lá, quebraram, incendiaram, arrancaram e saquearam itens absolutamente valiosos. Não, não havia bloqueios. Nada. Nenhuma autoridade impediu que eles se aproximassem dos plenários do STF, dos salões da Câmara ou do Senado, do local de onde o presidente da República governo o país.
É gravíssimo. Inadmissível. Principalmente sob a perspectiva de que os ataques não ocorreram de forma desorganizada. Não foi de uma hora pra outra. O levante dos extremistas estava organizado e preparado para ocorrer no dia de hoje.
E aqui, sublinhe-se trata aqui de defender o partido A ou B. O buraco é muito mais embaixo. No domingo do dia 8 de janeiro de 2023, o ataque buscou ferir o Estado brasileiro. Ao depredar prédios onde são feitas leis, a violência teve como alvo a democracia. O que esteve - e está em jogo - é a soberania nacional.
Compactuar com isso, ainda mais se tratando de autoridades da segurança que servem (ou deveriam servir) à proteção dos cidadãos, aponta para duas possibilidades somente: incompetência ou conivência com o golpismo. Em ambos os casos, não pode ficar impune.