São gravíssimas e exigem apuração rigorosa as denúncias reveladas pelo portal Metrópoles a respeito do futuro ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães. Trata-se de um retrato explícito de assédio moral e sexual, inaceitáveis em qualquer que fosse o ambiente, que dirá dentro da rotina de trabalho no maior banco público do Brasil.
Contaram os repórteres Rodrigo Rangel, Jeniffer Gularte e Fábio Leite que funcionárias do banco, subordinadas a Guimarães, eram chamadas ao seu quarto para algum "pedido", altas horas da noite, e ali pairava a "sugestão" para que entrassem. Outras narraram abraços e apertos desconfortáveis, além de absurdos toques em partes íntimas.
"Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso", afirmou uma das servidoras.
O caso do presidente da Caixa ganhou as manchetes e deve resultar na saída de Guimarães do cargo ainda nesta quarta-feira (29), apontam integrantes do governo — em especial por conta de preocupação eleitoral. A preocupação, sublinhe-se, é com o quanto uma eventual defesa de Guimarães pode custar à campanha de reeleição do presidente da República.
Antes de falarmos sobre política, contudo, cabe uma reflexão mais profunda: por que um homem se sente autorizado a passar a mão em uma funcionária? Que raios de mentalidade é essa que considera aceitável tocar em uma mulher sem o seu consentimento? Que tipo de educação considera apertar a bunda de uma subordinada um ato corriqueiro de trabalho
Não é o primeiro. E, tristeza: não será o último.
Se você que está lendo esse texto for uma mulher, já passou por, ao menos, uma situação constrangedora — para dizer o mínimo. Se você for um homem, pergunte a uma mulher perto de você. O assédio acontece em todas as classes, em todos os ambientes, e nada do que se diga ou faça parece suficiente para modificar essa realidade.
Acontece no ambiente corporativo, acontece no transporte público, acontece em universidade, acontece em hospital. Acontece no maior banco público do Brasil. Acontece na Confederação Brasileira de Futebol. Acontece no centro espiritual que recebe gente do mundo inteiro. Um caso surge, morre e outro surgirá ali adiante. As vítimas de João de Deus, as vítimas de um ator da novela das 21h, as vítimas do presidente da Caixa... Quantas somos? Quantas ainda seremos?
Basta.