Não é uma convicção ideológica ou mesmo programática. "É a economia, estúpido", previu o marqueteiro James Carville, em 1992. Ele falava sobre os Estados Unidos, mas a frase vale também para a troca no comando do Ministério de Minas e Energia, executada nesta quarta-feira (11) pelo presidente Jair Bolsonaro. Sai Bento Albuquerque e entra o economista Adolfo Sachsida.
A coluna acrescenta ainda uma palavra: é a economia e mais a eleição, estúpido.
A troca diz muito sobre a preocupação que ronda o Palácio do Planalto a partir da inflação alta, impactada, sim, peço preço dos combustíveis. Os dados divulgados nesta quarta reforçam este cenário. Puxada pela gasolina, a inflação de abril é a maior desde 1996. Com o resultado do mês passado (abril), o IPCA acumulado em 12 meses chegou a 12,13%.
Bolsonaro sabe o impacto eleitoral de uma inflação nas alturas. Tanto que os aumentos sucessivos no preço dos combustíveis já custaram o emprego de dois presidentes da Petrobras (Roberto Castello Branco e o general Joaquim Silva e Luna) e agora do próprio ministro de Minas.
E o que Bolsonaro quer? Alternativas executadas pelo governo que possam fazer com que o impacto não pese tanto no bolso dos brasileiros, que - não custa lembrar - irão às urnas em outubro.
Em outubro do ano passado, aliás, a coluna já havia informado sobre recados de aliados de Bolsonaro de que algo precisava ser feito. Na ocasião, a Petrobras havia anunciado um novo reajuste no preço dos combustíveis.
"Tem de fazer algo. Não pode assistir isso sem fazer nada. O real desgaste do governo está aí", afirmou um interlocutor à coluna na ocasião. "Estou andando muito nas ruas e vejo o desgaste que isso está dando", acrescentou um aliado.
O quanto Sachsida será capaz de fazer? Ainda é incerto. Mas a ordem está dada. Como nome que compôs a equipe de Guedes, a expectativa é que siga, com rigor, as ordens de Bolsonaro.