Até as carpas do Palácio da Alvorada sabem sobre o passado (o presente e, quiçá, o futuro) de Valdemar Costa Neto, comandante do PL para onde planeja se deslocar o presidente da República Jair Bolsonaro. Ex-deputado federal, condenado no escândalo do mensalão, preso a partir da prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, apontado também na Lava-Jato.
Essas são apenas algumas das credenciais que não exigem sequer um google para descrever o aliado da hora do atual chefe do Executivo — que, aliás, anda de braços dados com o centrão não é de hoje.
Surpresa? Nenhuma, para quem acompanha política de perto. Mas Bolsonaro fez querer parecer que descobriu somente "agora" o passado de seu quase futuro-ex-companheiro. Dizemos "quase" porque a união anunciada na última semana, com direito a "save the date" para 22 de novembro, de repente, subiu no telhado. Contudo, ainda não foi desfeita.
Neste domingo, o PL divulgou nota revelando que a DR de Bolsonaro e Valdemar se estendeu até altas horas da madrugada e, com isso, colocou em dúvida a viabilidade da união estável pré-divulgada (leia a carta baixo).
O portal O Antagonista divulgou, inclusive, os palavrões trocados pelos noivos.
Pesou, segundo relatos de bastidores, a repercussão negativa nas redes sociais de um casamento com um mensaleiro, um escândalo ligado a governos petistas e que Bolsonaro chamou para si a partir da nova aliança. O filho Carlos Bolsonaro teria entregue ao pai um dossiê com postagens em que apoiadores cobram do capitão a ligação com Valdemar.
Mas há muito mais mais entre o céu e a Terra nas entranhas da política brasileira. E, sim, Bolsonaro e o clã querem receber das mãos de Valdemar o bastão para o comando do partido nos diretórios regionais, além do dinheiro proveniente do fundo partidário. É sobre isso. E não está tudo bem.
Como descreveu José Casado, na Veja: "O problema é sempre o mesmo: ele (Bolsonaro) quer ser o dono do partido, com o poder efetivo de definir a lista de candidatos aos governos estaduais, às assembleias, à Câmara e ao Senado, além de determinar as cotas de financiamento de candidaturas e as alianças regionais".
Engana-se quem pensa que o chefe do Executivo está, agora, preocupado com a lisura de seu parceiro político. É mais sobre o prejuízo calculado em sua cruzada pela reeleição, e mais ainda sobre quem manda e quem obedece. E Valdemar mostrou que não está disposto a obedecer.