Há um elemento interessante observado por deputados do próprio Centrão, grupo político aliado ao presidente Bolsonaro, diante de novas suspeitas de irregularidades na compra de vacinas contra a covid-19. Verificaram atores políticos que circulam por Brasília um silêncio atípico por parte do presidente Jair Bolsonaro, que costuma ser verborrágico e falastrão quando se manifesta sobre a pandemia.
Basta lembrar que em determinado momento, contrariando a postura da comunidade científica do mundo inteiro, Bolsonaro ergueu cloroquina a apoiadores e chegou a defender a não obrigatoriedade da vacina contra o coronavírus, postando uma foto com o cachorro de estimação e dizendo que imunizado no Palácio da Alvorada seria somente o pet.
O presidente, aliás, não tomou a vacina até hoje.
Um deputado experiente chamou atenção da coluna:
— Até agora, o presidente não rebateu veementemente as acusações. Nem dos irmãos Miranda, envolvendo a Covaxin, nem esta nova, que trata sobre suposta propina. Por que ele não veio a público dizer que não há corrupção? Seria medo de alguma gravação? — questionou.
Internamente, na Câmara, há quem desconfie que o deputado Luis Miranda (DEM) possa ter gravado algum diálogo com Bolsonaro, inclusive aquele mencionado por ele sobre ter alertado o presidente, que teria respondido se tratar de "rolo" do Ricardo Barros (PP), líder do governo na Câmara.
Há por parte de integrantes do Centrão também a identificação de uma disputa interna entre Arthur Lira, presidente da Câmara, e o próprio Ricardo Barros, que apesar de estarem no mesmo partido seriam de grupos opostos na legenda.
Ontem, após a divulgação de reportagem da Folha de São Paulo, o Ministério da Saúde anunciou a exoneração do diretor apontado por um empresário como o responsável por suposto pedido de propina na compra de vacina.