A deputada Federal Fernanda Melchionna (PSOL), unida a colegas da bancada do PSOL e do PT, entrou com representação contra o colega Éder Mauro (PSD-PA) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Entre outros episódios, Éder ofendeu colegas mulheres com xingamentos machistas durante sessão da CCJ, que aconteceu de forma virtual por causa da pandemia.
Em um dos momentos citados pelas parlamentares, Mauro deu "graças a Deus" quando Melchionna teve uma queda de internet e por isso sua transmissão foi interrompida. Neste episódio específico, a gaúcha Maria do Rosário (PT) saiu em defesa da colega e pediu à presidente da CCJ, Bia Kicis (PSL), que fosse identificado o autor da fala.
Éder Mauro rebateu, chamando Rosário de "criatura desagradável" e "Maria do Barraco".
A conduta não chegou a ser repreendida pela presidente da CCJ. As deputadas classificaram a postura como "falta de decoro".
Na sequência do episódio, Éder Mauro chamou Fernanda Melchionna de "Maria Chilique" e, referindo-se à deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) chegou a sugerir: "vá dormir e esqueça de acordar". O episódio gerou uma revolta da bancada feminina que, então, resolveu representar contra ele junto ao Conselho de Ética.
O mesmo parlamentar, citam as deputadas no documento, chegou a sugerir tratamento médico para não ter que ouvir a voz da colega Maria do Rosário (PT). O médico, segundo ele, deveria ser chamado para que ela parasse de falar. "Não vou chamar um médico porque ela não está no plenário, mas gostaria que encaminhasse um médico porque ela não para de falar", disse, conforme documento registrado pelas deputadas federais junto ao Conselho.
— É inadmissível que um deputado, investigado por tortura e que confessou, inclusive, ter praticado assassinatos, ameace parlamentares, legitimamente eleitas, em plena sessão de uma das comissões mais importantes da Câmara dos Deputados. Sua postura, além de machista, é incompatível com o decoro parlamentar. Discursos violentos e odiosos não podem ser tolerados. O silêncio da Câmara Federal é salvo conduto para violência de gênero e machismo. É preciso dar um basta — condenou Melchionna.