Ainda é cedo para concluir que o Rio Grande do Sul esteja completamente livre de momentos mais tensos envolvendo o coronavírus. Mas a se considerar os números mais recentes sobre a doença no Estado, em especial em Porto Alegre, há uma clara desaceleração em curso. Os dias de atenção maior (Leite chegou a gravar vídeo em tom mais pesado) foram superados sem que houvesse colapso do sistema de saúde, que é quando a estrutura de leitos não faz frente à demanda. Basta lembrarmos o caso mais evidente vivido pela Itália, quando não havia leitos suficientes e ambulâncias precisaram ser utilizadas como UTIs.
- Acho que temos indicadores muito positivos, especialmente quando colocados em comparação com outros Estados. Temos uma taxa de incidência que é praticamente a metade do índice registrado no Brasil. Aqui, são 966 para cada 100 mil habitantes, contra 1.723 no país. Igualmente, estamos com uma taxa de óbitos menor: 27 para cada 100 mil habitantes, contra 54 do Brasil. Mas, claro, cabe ficar com "o dedo no pulso", como digo. Monitorando sempre - explicou cauteloso, à coluna, o governador do Estado, Eduardo Leite.
Os números são importantes para que formemos uma compreensão mais clara. Em São Paulo, por exemplo, onde a desaceleração ocorreu antes do que por aqui, a taxa de óbitos foi muito mais elevada. Isso significa dizer que mais pessoas morreram antes que houvesse um cenário mais tranquilo em relação à pandemia. Enquanto o Rio Grande do Sul possui taxa de 27 mortes para cada 100 mil habitantes, São Paulo registra 89 para cada 100 mil.
Ainda em efeitos comparativos, é possível citar o Estado do Rio de Janeiro. Caso tivéssemos a taxa de óbitos do Rio de Janeiro por aqui, haveria três vezes mais mortes. Em números absolutos, seriam mais de 10 mil mortes no Estado, em vez dos 3,1 mil óbitos registrados até o momento.
Apesar da indicação de um cenário mais favorável, Leite prefere adotar postura bastante cuidadosa de atenção aos próximos capítulos da pandemia.
- A jornada ainda não terminou e precisamos manter todo o cuidado. O importante é que, com os cuidados que tomamos e a forte ampliação promovida em nossa rede de saúde, nenhum gaúcho ficou sem assistência e vidas foram salvas - alertou.
Até aqui, os dados indicam que o enfrentamento ao coronavírus foi feito de forma responsável e correta em solo gaúcho, ainda que as medidas de restrição tenham provocado forte reação dos setores impactados (legitimamente, aliás). O resultado é que vidas foram salvas e a estrutura não entrou em colapso. Não há vencedores. Mas é um alento perceber que estamos no caminho certo.