A velocidade impressionante de crescimento dos casos de coronavírus no Rio Grande do Sul - e o reflexo imediato do aumento internações em UTIs por causa da doença - provocou reação mais do que acertada do governador Eduardo Leite, que divulgou pronunciamento em vídeo com apelo emocionado aos gaúchos nesta quinta-feira (2). Ao citar o momento singular, em que as redes pública e privada de saúde se esforçam para dar conta da demanda aumentada pela pandemia, o governador não titubeou. E citou as 600 vidas de gaúchos perdidas até aqui, em vídeo revelado em primeira mão pelo colunista Daniel Scola.
-É impossível não sermos tomados por um sentimento de profunda tristeza diante dessas mortes. Cada perda é uma derrota coletiva - expressou o governador, solidarizando-se com as famílias dos mortos pela covid-19.
A manifestação foi dura, sensível e necessária. Com a sequência de idas e vindas (reaberturas e fechamentos) gerados pela atualização das medidas de distanciamento, não foram os poucos que torceram o nariz para a classificação por bandeiras vermelhas. Houve reação de prefeitos, empresários, trabalhadores preocupados com os reflexos econômicos - o que é absolutamente legítimo, aliás. Mas o governador ponderou:
- A vida de todos virou do avesso. Pessoas perderam emprego, empresas fecharam. Nós trabalhamos para minimizar esses efeitos. Todos nós perdemos algo. Não há vitoriosos - afirmou.
Por isso, e com absoluta razão, Leite reforçou o apelo para que os gaúchos respeitem as medidas de isolamento e, se puderem, fiquem em casa. Não se trata de o Executivo não ter construído novos leitos até aqui. O trabalho foi feito. Mas não há estrutura hospitalar suficiente para fazer frente à uma pandemia descontrolada. A avaliação não é só do governador. É de especialistas do mundo inteiro.
- O apelo não é só meu. É de todos que pensam e agem com racionalidade - disse.
Leite reiterou confiança no modelo de distanciamento controlado e explicou que o projeto só se concretiza a partir do comportamento das pessoas. É por isso que todos nós precisamos, mais do que nunca, fazer a nossa parte. Ainda que possa parecer difícil. Ainda que individualmente estejamos cansados. O inimigo, não custa lembrar, é o coronavírus. E é preciso renovar esforços para vencê-lo antes que a vacina se torne uma realidade. A convocação do governador precisa ser ouvida. Antes que seja tarde.