Na contramão de gestores que tentam suavizar as bandeiras do distanciamento controlado, a prefeitura de Porto Alegre prepara para os próximos dias o anúncio de novas medidas de restrição para a circulação de pessoas na cidade, a fim de evitar o avanço do novo coronavírus.
Conforme a coluna apurou, uma reunião na manhã desta sexta-feira (19) discutirá os novos protocolos. O motivo é o crescimento célere da ocupação de leitos de UTI por covid-19 na Capital.
Com o início do inverno, neste sábado (20), as autoridades temem que o sistema de saúde acabe completamente lotado, ou seja, sem condições de atender pacientes que precisem de tratamento intensivo.
O aperto nos cintos tem apoio de líderes à frente de importantes instituições hospitalares da cidade. A diretora-presidente do Hospital de Clínicas, Nadine Clausell, é uma delas.
Nadine chamou à atenção, em entrevista recente à Rádio Gaúcha, para a contaminação ascendente entre os porto-alegrenses e chegou a dizer que, se a quantidade de internações se mantiver neste ritmo, a capacidade de atendimento do Clínicas entrará em colapso no fim do mês ou início de julho.
Em reunião virtual em que estavam presentes autoridades da área da saúde e o prefeito Nelson Marchezan, Nadine expressou apoio à adoção de medidas mais restritivas e disse que, no futuro, a população agradecerá aos gestores que endureceram as regras, ainda que agora haja contrariedade por parte de setores específicos.
A coluna entrou em contato com o prefeito Marchezan, que confirmou estudos e debates internos para adoção de medidas mais restritivas a serem anunciadas nos próximos dias. Ele também explicou que os novos protocolos fazem parte de uma estratégia de segurar a disseminação (com menos circulação de pessoas) a fim de evitar que seja necessário implementar o fechamento total. O prefeito enfatizou, contudo, a preocupação com a repercussão econômica a partir dos protocolos.
— Se não houvesse repercussões de econômicas, de emprego, sociais, seria mais fácil decidir. As medidas que tomamos nos últimos dias foram justamente para não (ter que) fechar tudo. A prefeitura estuda a necessidade de medidas mais restritivas para evitar o lockdown. A ocupação dos leitos de UTI covid tem aumentado muito rapidamente — avaliou.