Quem leu como negativas as medidas mais restritivas, anunciadas pela prefeitura de Porto Alegre nos últimos dias, deve se preparar para um futuro breve e nada promissor. A tendência, se confirmadas as projeções sobre o crescimento da ocupação de leitos de UTI na Capital, é que protocolos ainda mais rígidos sejam estabelecidos, como forma de evitar a disseminação do novo coronavírus. A avaliação foi feita pelo prefeito Nelson Marchezan (PSDB), em entrevista à Rádio Gaúcha nesta segunda-feira (15).
Marchezan tem sofrido críticas por parte de entidades que reagiram às recentes decisões do Executivo. Ele salienta, no entanto, que o momento não deveria ser usado para encontrar "culpados", mas sim para a construção de um esforço conjunto que possa proteger a Capital gaúcha de um colapso no sistema de saúde, cenário verificado em outras capitais como por exemplo o Rio de Janeiro.
- Hoje o que está no nosso horizonte, se essa projeção não se alterar (de velocidade de crescimento do coronavírus), é para ampliar as restrições - afirmou.
O mesmo embate sobre restrições vem sendo travado entre o Executivo estadual e prefeitos de cidades atingidas pela bandeira vermelha, no modelo de distanciamento controlado. O que significa dizer que a guerra estabelecida entre os que defendem o isolamento social e aqueles que apostam em manutenção de atividades não é exclusiva da Capital. Aliás, o dilema é vivenciado no mundo - mas agravado no Brasil a partir da ausência de um direcionamento único por parte do Ministério da Saúde e o governo federal.
Com um país rachado, o enfrentamento ao coronavírus torna-se tarefa ainda mais difícil aos gestores de Estados e municípios.