O governador do Estado, Eduardo Leite, afirmou à coluna nesta terça-feira (23) que buscará junto à sua equipe os dados necessários para que possa ser realizada uma audiência com a família do engenheiro Gustavo dos Santos Amaral, 28 anos, morto durante abordagem policial em Marau, no norte do Estado. O encontro foi requisitado, conforme a coluna apurou, por familiares e por entidades que representam a defesa dos direitos humanos.
Conforme revelado por GaúchaZH, o inquérito da Polícia Civil sobre a morte do jovem, em abril deste ano, inocentou, nesta segunda-feira (22), o brigadiano que atirou. O delegado Norberto dos Santos Rodrigues entendeu que o policial confundiu o celular que o rapaz segurava com uma arma. Por isso, para o responsável pela investigação, o que aconteceu naquele momento foi uma "legítima defesa imaginária", sem nenhum indício de crime.
- Já pedi para minha equipe verificar, acho que tem uma solicitação. Vou pedir para que identifiquem essa situação de uma agenda com a família. Vamos, sim, recebê-los - confirmou à coluna.
O governador acrescentou à conversa o fato que um delegado de polícia tem absoluta autonomia e o inquérito, portanto, não é passível de qualquer "interferência" do Poder Executivo.
- A autoridade policial é inviolável. O delegado que faz as investigações está no pleno exercício, sem interferência governamental. Ele (delegado) faz o seu inquérito policial, produz as provas, encaminha o laudo para o Ministério Público. O MP fará sua análise para oferecer ou não a denúncia com base no inquérito policial. Depois ainda temos um juízo do judiciário. Há um caminho a ser percorrido nesse caso que não se esgota no inquérito policial - explicou à Rádio Gaúcha.
Leite se solidarizou com a dor dos familiares do jovem e completou explicando que há outras etapas no processo, que não se encerra com o posicionamento da Polícia Civil. E que é legítimo que sejam buscados direitos dos envolvidos e responsabilização de eventuais culpados.
- Se a família está, e entendo que esteja inconformada, há um caminho no nosso sistema penal para assegurar que as condições que ocorreram essa morte sejam totalmente apuradas, e se houver responsabilidade seja apurado - destacou.
Ouça a entrevista completa, que aborda também a questão do coronavírus: