O jurista Miguel Reale Júnior reagiu as declarações do ex-deputado Roberto Jefferson, que pediu um "contragolpe" do poder Executivo ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta quinta-feira (14), em entrevista ao programa Timeline, da rádio Gaúcha, Reale Júnior afirmou que "a democracia não pode ser condescendente com aqueles que querem destruí-la".
– Há um conflito de valores entre a liberdade de expressão e a proteção à honra. A proteção é a democracia e a democracia não pode ser condescendente com aqueles que querem destruí-la. Ela tem que dar abertura para todas as manifestações, mas não para que as manifestações não ocorram. Ou seja, a manifestação de pensamento encontra limites em outros valores fundamentais a serem preservados. Seja de cunho pessoal ou cunho institucional.
O jurista, um autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, repudiou a presença do presidente Jair Bolsonaro em protestos que pediram o fechamento do Congresso e do STF, além da volta do Ato Institucional Número 5, conhecido como AI-5. Ainda nesta linha, Reale Júnior lamentou que a condenação de Jefferson por corrupção no processo do mensalão do PT não tenha resultado em mudança na postura do ex-deputado.
Ouça a entrevista completa:
– É a demonstração de que a punição, nesse caso, não cumpriu com sua finalidade de reinserção social do condenado. Roberto Jefferson, condenado por corrupção, sempre envolvido e relacionado com fatos que desonram a história da república. Desde o Collor, depois no mensalão e na indicação de sua filha (Cristiane Brasil) ao Ministério do Trabalho.
Ontem, também em entrevista ao Timeline, Jefferson afirmou que "a toga não é mais forte que o fuzil", em alusão a força dos militares sobre a suprema corte do país. Ele também reafirmou posições contra a imprensa e acusou o STF de agir em conluio com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula para prejudicar o presidente Jair Bolsonaro.
– Eu não sei como ele se sente no direito de dizer algo do tipo. É evidente que é discípulo de Eduardo Bolsonaro.
Ouça a entrevista completa de Roberto Jefferson:
Sobre o comportamento de Bolsonaro frente à crise provocada pela pandemia do coronavírus, Reale Júnior é taxativo:
– Tenho impressão que ele (Bolsonaro) tem inveja do vírus. O vírus aparece no noticiário e quem deve aparecer sou eu.