O ex-presidente Michel Temer (MDB) comentou um trecho da entrevista que concedeu ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda-feira (16), e que viralizou: nele, o emedebista se refere ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) como "golpe". Contudo, nesta terça (17), ao Timeline, da Rádio Gaúcha, Temer esclareceu que o afastamento da antecessora foi constitucional.
— A Constituição estabelece que o vice deve assumir quando houver impedimento do presidente. As pessoas diziam que era golpe, mas não houve isso. Evidente que não. Se nos Estados Unidos alguém dissesse isso, a pessoa ficaria vermelha. Mas aqui no Brasil não, porque as pessoas não conhecem a Constituição. À época, a pressão popular era tão grande, que os deputados já estavam vocacionados a votar a favor do impedimento — avaliou.
No Roda Viva, a frase sobre o "golpe" veio no contexto de uma explicação sobre o diálogo entre ele e o ex-presidente Lula (PT), revelado nos últimos dias pelo portal The Intercept e o jornal Folha de S.Paulo, e que daria a entender, segundo Temer, que ele tentou se unir ao Partido dos Trabalhadores antes do impeachment — e, portanto, não conspirou contra Dilma.
Ouça a entrevista de Temer ao Timeline:
À Rádio Gaúcha, o ex-presidente também afirmou que foi vítima de uma "armação muito completa", orquestrada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e o empresário Joesley Batista, no caso da delação da JBS. O episódio atingiu o chefe do Poder Executivo em 2017, a partir de uma gravação em que Temer teria dado aval para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara (hoje preso) Eduardo Cunha (MDB-RJ).
— Aquilo foi armado. Inventaram uma frase naquela gravação que não existe, que eu teria dito "tem que manter isso", falando de dinheiro. Mas eu falava que tinha que manter a amizade com um determinado deputado. Eu nunca disse que teria que dar dinheiro (...) Tentaram me derrubar, não tenho a menor dúvida. Mas não conseguiram — reforçou.