Ciente da necessidade de diálogo com os partidos para a aprovação da reforma da Previdência, o governo de Jair Bolsonaro pretende inaugurar uma nova forma para negociar cargos com as legendas. A informação, confirmada pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) à Rádio Gaúcha, é de que o governo deverá implementar, nos próximos dias, um banco de talentos na administração federal. A intenção também foi anunciada a líderes do PSL, em reunião com a bancada em Brasília.
Trata-se, segundo o ministro, de uma ferramenta para auxiliar no preenchimento de cargos de segundo e terceiro escalão, inclusive autarquias federais nos Estados.
De acordo com Onyx, a intenção é evitar um loteamento dos cargos sem critério, como ocorria, segundo ele, em governos anteriores. A indicação dos nomes poderá ser feita por parlamentares da base de apoio, mas precisará do aval dos titulares de cada pasta.
— Os parlamentares farão indicações técnicas, de perfil técnico, com critérios. Essas indicações serão levadas ao ministro da pasta que fará análise e avaliação, não apenas curricular, mas também irá chamar e conversar, para entender qual é realmente a profundidade, o preparo que (o nome indicado) tem. E depois esta indicação poderá ou não ser aceita — detalhou.
O ministro afirmou ainda que o governo pretende trabalhar com um binômio dentro da estratégia de aprovação da Reforma, enviada ao Congresso na semana passada: humildade e diálogo.
Sobre o tradicional "toma lá dá cá", em que deputados aceitam votar com o governo em troca de cargos, Onyx fez questão de frisar: as indicações só serão aceitas se houver entendimento do ministro da área correspondente.
— Os parlamentares de todos os Estados poderão fazer indicações sem nenhum compromisso de que ela será acatada E quem terá a última palavra será o ministro da área — completou.
Como titular da Casa Civil, Onyx é peça fundamental para o governo na negociação com parlamentares.
A ideia já repercute entre líderes da base aliada. Mas não é unanimidade. Ao jornal O Globo, por exemplo, o senador Major Olímpio, que é líder do PSL no Senado, ironizou o "banco de talentos": "Tucanaram o apadrinhamento", disparou.