Na véspera de assumir a chefia da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro, o ministro extraordinário Onyx Lorenzoni (DEM-RS) revelou que gostaria de cortar 80 mil cargos da administração pública federal. Em entrevista ao programa Timeline, Onyx ressaltou que sabe que não há como executar essa tarefa de uma hora pra outra, sob o risco de "parar a máquina pública". Mas classificou como "absurdo" o fato de o governo federal ter, segundo ele, 120 mil cargos, entre comissionados e funções gratificadas.
— Existem 120 mil funções, entre cargos em comissão e funções gratificadas na administração pública federal. Das 600 mil pessoas no total, 120 mil recebem algum grau de gratificação e são trazidas para trabalhar no governo. É um negócio fantástico — ironizou.
Questionado sobre a possibilidade de cortes, já que o futuro governo defende o enxugamento da máquina pública, o ministro disse que gostaria de cortar mais da metade desses cargos, mas que é preciso "critérios" para fazê-lo.
— Eu sonho em, pelo menos, cortar a metade: 60 mil. Por mim, queria cortar até mais: 80 mil. Mas a gente precisa fazer isso com critérios porque, do contrário, pode travar a máquina apenas por querer produzir um resultado imediato — disse.
Onyx elencou três frentes de atuação do futuro governo de Jair Bolsonaro no sentido de aumentar a eficiência da administração pública e reduzir os custos do Estado. A primeira: revogar, por meio de decreto, procedimentos que entravem a abertura de novos negócios. Segunda: redução de níveis hierárquicos; segundo o ministro, hoje são seis níveis: "a ordem parte de cima e passa por seis escalões diferentes até chegar no cidadão". Ele defende que sejam "três ou quatro". O terceiro ponto prevê o corte de cargos.
— Saímos de 29 para 20 ministérios funcionais. Agora, vamos reduzir o tamanho da máquina — afirmou.
Reembolso de passagens
Na entrevista, Onyx Lorenzoni também comentou reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo que aponta o uso de verba pública para fazer viagens durante a pré-campanha e a campanha de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência do Brasil. As regras de cota de atividade parlamentar, que é o dinheiro que os congressistas têm acesso para as atividades do cotidiano, proíbem o uso desta verba para fins eleitorais. Entretanto, Lorenzoni disse que fez tudo conforme a lei.
— Eu não tenho que me defender de nada. Está tudo dentro, rigorosamente, dentro da legislação da Câmara dos Deputados. Enquanto congressista e deputado (federal). eu tenho a prerrogativa e direito de andar no lugar do Brasil que eu quiser e eu estava ajudando a construir o que, hoje, nós estamos vivendo: a transição de um novo futuro para o nosso país — afirmou o futuro chefe da Casa Civil.