Muitas histórias de dedicação, compaixão e superação emergiram da tragédia climática que vivemos — e elas são a maioria, como tenho, inclusive, destacado aqui na coluna. Mas também vieram à tona (e seguem vindo) casos incompreensíveis de gente que decidiu tirar vantagem do sofrimento alheio.
Primeiro, foram os furtos a residências e a negócios atingidos pela enchente, apesar de todo o empenho das forças de segurança para conter e evitar os ataques vis.
Desafiando as autoridades, hordas de criminosos, sabe-se lá como, arrombaram portas e janelas e, mesmo com a água alagando tudo, furtaram o que encontraram pela frente, deixando, muitas vezes, um estrago ainda maior do que o da inundação. Faltam adjetivos para definir tamanha covardia.
O delegado Sandro Caron, secretário estadual de Segurança Pública, foi certeiro ao declarar guerra a esses tipos desprezíveis. Muitos foram presos e devem responder pelo que fizeram.
Agora, vemos políticos e servidores públicos sendo investigados por suspeita de embolsar doações destinadas às vítimas da catástrofe. É o fim da picada. Desde a última semana de maio, houve pelo menos seis ações contra supostos desvios, como já detalhou o colunista Humberto Trezzi. As investigações são prioridade para o Ministério Público e a Polícia Civil, e é assim que tem de ser.
Os envolvidos - que negam as irregularidades - terão direito de defesa. Se houver provas de fraude, que sejam denunciados e respondam pelos crimes nos rigores da lei. E que seja rápido possível, como a sociedade merece e espera.