Tenho ouvido o apelo acima de muita gente que continua doando seu tempo e seus braços ao trabalho voluntário no Rio Grande do Sul. São pessoas admiráveis que continuam na linha de frente da tragédia climática, equilibrando compromissos profissionais (é preciso voltar a trabalhar, afinal) com ações de apoio a quem perdeu tudo.
Ainda não terminou. Por mais que boa parte do Estado tenha retomado a rotina e queira virar a página, ainda há lugares - veja o caso de Porto Alegre - com lama e entulho. Há pontos onde a água recém baixou, deixando à mostra as cenas de destruição que cansamos de ver e que gostaríamos de não precisar enxergar mais.
Não é errado estar cansado e querer cuidar da própria vida. Somos humanos. Foram mais de 30 dias de assombro, luta e superação, em que a nossa gente mostrou uma força descomunal e uma capacidade de reação à crise jamais vistas.
Meu amigo Paulo Germano falou sobre isso ontem, enquanto gravávamos um programa, e eu concordo. Ele disse: em situações traumáticas, é comum a paralisia. Não foi o caso. Nossa gente não parou, ao contrário: encarou a batalha de frente, com valentia e senso de comunidade colossais.
O apelo, agora, é para que não deixemos ninguém para trás. Precisamos, sim, falar do futuro, tratar da reconstrução do nosso Estado, mostrar isso ao Brasil e colocar o Rio Grande para cima outra vez, tudo isso sem esquecer de quem ainda não conseguiu nem mesmo voltar para casa ou limpar o que restou. É por isso as doações precisam continuar. Ainda não é hora de baixar a guarda. Ainda não acabou.