Não deu para o Matteus. O alegretense ficou em segundo lugar no Big Brother Brasil, o reality show de maior audiência do país, mas isso nem de longe significa uma derrota. Além de divulgar o Rio Grande do Sul em rede nacional (não duvido que, depois dessa, até o número de turistas aumente no Alegrete), o moço conseguiu melhorar a imagem do gaúcho lá fora.
Dos homens, em especial, mas também das mulheres.
Pergunte a uma pessoa de outro Estado - do Rio de Janeiro, da Bahia, do Amapá - o que pensa sobre o povo que habita o extremo sul do território nacional. Sim, estamos pisando no pântano perigoso dos estereótipos, nem sempre verdadeiros, mas sempre presentes.
É bem possível que o interlocutor diga que somos uma gente "trabalhadora" e "séria". Ok, mas também recaem sobre nós rótulos bem menos "abonadores", se é que se pode dizer assim, ligados a xenofobia, racismo, separatismo, machismo, homofobia, truculência.
Não raro, o gaúcho é visto como "chucro", violento e agressivo. O histórico de guerras e peleias platinas que fez deste lugar o que é, por certo, contribui para isso, mas a explicação para o "macho que fala grosso" é mais complexa.
Matteus, que veio lá da Fronteira Oeste, passou ao largo de tudo isso: não foi grosseiro nem belicoso, não foi machista nem homofóbico, não foi racista nem separatista. Falando a língua do homem do campo e sem jamais deixar de exaltar as origens, o alegretense talvez tenha sido o participante mais afetuoso, doce, educado e respeitoso do BBB 24, este laboratório de tipos sociais que passa na TV e que foi palco de "barracos" vergonhosos.
Ele não venceu a competição, é verdade, mas saiu de lá, possivelmente, com um dos menores índices de rejeição da história do programa. E o melhor: mostrou ao Brasil um outro Rio Grande.