No início de 2024, lancei aqui um desafio: provar, com dicas para todos os gostos e bolsos, que não precisamos ir longe (muito menos cruzar o oceano) para encontrar o local perfeito para as férias. Deu certo.
Nesta sexta-feira (23), quase dois meses depois, chega ao fim a série Lugar para visitar no RS, com 35 indicações de destinos turísticos incríveis em nove regiões do Estado: Serra, Metropolitana, Sul, Norte, Central, Vale do Rio Pardo, Hortênsias, Litoral Norte e Campos de Cima da Serra.
Para isso, convidei comunicadores do Grupo RBS que atuam em diferentes veículos e que emprestaram seu tempo e sua credibilidade a esta série.
Você percebeu: não foi possível contemplar todas as potencialidades de um Estado tão rico em atrativos, e muitos roteiros locais acabaram de fora. A intenção da coluna é seguir tratando do assunto sempre que possível e valorizar o que chamo de "nosso quintal", porque ainda há muito por mostrar.
Não é à toa que o setor de turismo fechou 2023 com indicadores animadores em solo gaúcho, ostentando resultados 13,2% superiores em comparação ao período do pré-pandemia, como mostrou a colunista Giane Guerra — que, aliás, também deu sua dica aqui. Houve um aumento do número de visitantes de fora, mas não só isso. O que parece ganhar cada vez mais força é o turismo de proximidade, que não exige passagem de avião.
É uma ótima notícia, porque muita gente nascida aqui ainda não conhece o próprio Estado. Espero que esta série tenha contribuído, de alguma forma, para mudar isso. E, para finalizar esta jornada, concluo a seleção de recomendações com uma dica minha. Obrigada por ter nos acompanhado até aqui!
A minha dica
Para encerrar a série Lugar para visitar no RS, escolhi um destino rico em história, a 95 quilômetros de Porto Alegre, ainda pouco visitado e até desconhecido de muita gente aqui no Estado: o distrito de Santo Amaro do Sul, em General Câmara.
Estive lá muitas vezes ao longo da minha vida como repórter, porque fui correspondente de Zero Hora no Vale do Rio Pardo, onde se localiza esta relíquia. Santo Amaro integra o Caminho Açoriano e a Rota do Império Lusitano do Sul. É um daqueles locais onde o tempo parece ter parado em alguma brecha do século 19.
Desde 2023, a localidade tem acesso asfáltico e um mirante logo na chegada — que vale a parada para uma vista 360° da região. Quando você se aproxima do vilarejo, o casario com telhas de barro dá as boas-vindas. São 14 prédios tombados pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e não é por menos.
Você chega lá e aquele jeito acelerado que inventamos de viver perde o sentido. É preciso parar, sentir o lugar, olhar, compreender.
A ocupação portuguesa de Santo Amaro começou em 1752, quando o Tratado de Madri já fixava limites entre as terras lusitanas e espanholas no sul da América. Para demarcar a fronteira, o general Gomes Freire de Andrade, "manda-chuva" à época, ordenou a construção de um forte em uma colina à margem esquerda do Rio Jacuí. Mais tarde, açorianos chegaram por ali e ficaram. Parte do legado ainda está lá, de pé, na forma de casarões erguidos em pedra e estuque.
O que mais impressiona, na praça central, é a Igreja Matriz. Inaugurada em 1787, é a quarta mais antiga do Estado. A cada 15 de janeiro, ela recebe a tradicional festa popular com honrarias e devoção ao santo que lhe dá nome — acredite, é uma festança da comunidade, com churrascada e tudo, que vale muito vivenciar, ainda mais diante daquela construção tão bonita, em azul e branco celestiais.
A igreja está bem conservada. Pode e deve ser visitada. Aos finais de semana, costuma ficar aberta. Se você chegar lá e encontrá-la fechada, Santo Amaro tem uma central de atendimento turístico em frente ao templo, com ótimas funcionárias — fui muito bem recebida lá, mesmo antes de me identificar como jornalista e colunista de GZH.
Ali, você também pode pegar materiais como um mapa com os pontos históricos e um folder onde cada local é explicado. Além disso, as meninas podem te conduzir e te dar uma pequena aula de história.
Para fechar o dia de passeio, recomendo um piquenique na praça — lembre de levar os quitutes e apetrechos de casa. É uma área verde tranquila, onde você verá uma placa com o seguinte letreiro: "Proibido cavalo". Ali tem até água quente para o chimarrão.
Se preferir almoçar em algum lugar, há dois restaurantes com peixe pescado por ali mesmo (leia os detalhes abaixo), próximo à Barragem de Amarópolis, que, aliás, pode ser visitada com agendamento prévio.
Vai por mim, é um passeio diferente e interessante.
Sobre Santo Amaro
Santo Amaro do Sul foi um dos primeiros povoados de colonização açoriana no Estado. Só por isso, já vale uma visita. Para quem sai de Porto Alegre, dá cerca de uma hora e meia de viagem, bom para um bate-e-volta num sábado ou domingo ou para uma breve parada, se a viagem prosseguir para outro destino (como Santa Cruz do Sul e Santa Maria, por exemplo).
Vá até lá esperando encontrar uma pequena vila (pequena mesmo!): não é um local com grande infraestrutura turística, mas acho que isso faz parte do charme para quem busca algo simples e tranquilo, sem aglomerações e grandes pretensões.
Para garantir a melhor recepção, a dica é fazer contato com a prefeitura ou a Central de Atendimento ao Turismo com antecedência. A secretária municipal de Turismo, Leila Fraga, deixa o contato à disposição - (51) 99675-2487 - para ajudar com tudo.
O perfil da rota no Instagram é @turismocaminhoacoriano.
Para almoços, é bom também agendar com antecedência. Há os restaurantes Beira-Rio (falar com Andréia no 51 98483-4237) e Coqueiro (com Pedro e Olinda no 51 99635-2815). Não cheguei a almoçar lá. A indicação é da Central.
* Produção: Maria Clara Centeno