O acordeonista Alejandro Brittes, que está levando o chamamé – patrimônio imaterial da humanidade - em turnê pelos Estados Unidos, acaba de realizar um feito e tanto. Argentino radicado em Porto Alegre, o músico realizou um concerto na Library of Congress, a biblioteca do Congresso, em Washington.
Até onde se sabe, foi a primeira vez que o gênero foi tocado no local. Na apresentação, que ocorreu no Coolidge Auditorium, Brittes empunhou a gaita acompanhado de três craques: André Ely (violão de sete cordas), Charlise Bandeira (flauta e percussão) e Carlos Eduardo de Césaro (Contrabaixo).
— Foi, de fato, a primeira vez que o chamamé chegou lá. Isso nos encheu de emoção, porque é um gênero musical que vem percorrendo um caminho de mais de 400 anos, cuja matriz ancestral está nos nossos povos originários, como os Guarani, com a sua maneira de ver a música, sempre em contato com a mãe Terra — destaca o porteño, que vive no Rio Grande do Sul há 13 anos.
Além de apresentar a música regional no local, Brittes realizou outros dois sonhos: tanto o livro "A Origem do Chamamé", escrito por ele e pela historiadora gaúcha Magali de Rossi, quanto o álbum (L)ESTE, recém-lançado pelo artista, passaram a integrar o catálogo da biblioteca.
Vale destacar que se trata de uma das maiores e mais bem conceituadas instituições do tipo no mundo, com um dos melhores acervos do folclore global.
Durante a passagem pelo local, Brittes também teve a oportunidade de participar de uma entrevista mediada por Douglas D. Peach, especialista em Tradições Vivas. A conversa ocorreu no American Folklife Center, que fica em um dos prédios da biblioteca.
A biblioteca
Fundada em 1800, a Biblioteca do Congresso é a instituição cultural federal mais antiga dos Estados Unidos. Ela está instalada em três edifícios junto ao Capitólio e é uma das maiores do mundo. Seu acervo contém aproximadamente 173 milhões de itens, e o órgão conta com mais de 3 mil funcionários. Suas coleções incluem materiais de pesquisa de todas as partes do mundo, em mais de 470 idiomas.
A turnê
A turnê de Alejandro Brittes nos EUA tem o apoio do programa Iber Exchange de Ibermúsicas e da Mid Atlantic Arts Foundation, com aportes para os vistos e parte dos cachês no país. O apoio concedido foi possível graças a uma convocatória intergovernamental realizada em 2022, em que o artista foi um dos três selecionados (entre de 3 mil concorrentes) para levar a música ibero-americana para os EUA.