Desde o início do mês, uma escultura de 2,5 metros de altura ornamenta o novo hall de acesso ao Hospital São Francisco, na Santa Casa, conhecido como uma referência em cardiologia intervencionista no país - com destaque para implantes de válvulas cardíacas através de cateter e de marca-passos e desfibriladores.
São duas colunas de basalto cinza, que sustentam, no alto, um coração esculpido em basalto sanguíneo. A peça pesa duas toneladas e foi uma doação. Por trás do ato, está uma história de agradecimento.
Autor da obra, João Bez Batti, um dos mais premiados escultores gaúchos, é um antigo paciente do cardiologista Fernando Lucchese, que atua na instituição.
Em 2022, graças ao médico e ao atendimento recebido no São Francisco, Bez recebeu uma válvula cardíaca e teve a vida salva. Neste ano, há cerca de dois meses, foi a mulher dele, Maria Schirley, que Lucchese e os colegas salvaram - ela teve um marca-passo implantado no peito.
— A gente foi salvo. Aí pensei: preciso retribuir. Logo imaginei fazer um coração e foi isso. É uma homenagem e também um agradecimento. Devemos muito ao doutor Lucchese e ao Hospital São Francisco — diz Bez, que mantém atelier em Bento Gonçalves.
Conhecido pelo bom-humor, Lucchese conta ter sido surpreendido:
— Um dia, o Bez me procurou e disse: vou te dar uma escultura. Ou tu instalas no teu túmulo, ou na entrada do hospital — recorda o especialista, rindo da história.
Em breve, o monumento receberá uma placa com uma poesia escrita especialmente por Armindo Trevisan, poeta gaúcho que acaba de completar 90 anos.
Monumento ao coração*
O coração que vês, ó visitante
É o teu coração simbolizado.
Ele traz em suas pulsações o Cosmos,
E te acerca dos homens. E de Deus.
Contempla o coração, que o escultor
Representou na pedra! Ele convida
Teu próprio coração a amar a vida,
Como se a vida te levasse a amar
O que no mundo espera o teu amor.
Ó, coração: nasceste com a vida!
Com ela vais ao fim de seu fulgor.
Feliz é quem à sombra da Esperança,
Vê renascer em si um novo amor.
*Armindo Trevisan