A jornalista Juliana Bublitz colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço
Entrar no mundo de João Bez Batti, um dos mais premiados escultores gaúchos, é experimentar a arte em estado bruto e enxergar o belo nas formas do basalto. Aos 80 anos, o mago das pedras está prestes a lançar mais uma obra: o livro Bez Batti Dialogando com Picasso, fruto de uma antiga paixão.
Desde o início da carreira, no fim da década de 50, o discípulo de Vasco Prado é fascinado pelo trabalho do pintor espanhol, um dos ícones da cultura ocidental.
— Sempre gostei do cubismo de Picasso. Ele foi o maior artista do século 20. Foi mais do que pintor. Foi escultor, gravurista, poeta. Foi muito grande — exalta o artífice, que, ainda menino, identificou nos seixos do rio Taquari, em General Câmara, aquela que seria sua grande fonte de inspiração.
É da natureza, de pedregulhos resistentes, quase invioláveis, que nascem as criações de Bez Batti. Com a série picassianas, não haveria de ser diferente. As rochas dão novas feições a desenhos, gravuras, pinturas e peças de Picasso. Não são cópias, longe disso: carregam, em toda a sua essência, o DNA do gênio gaúcho.
Com edição e imagens de Valdir Ben (algumas delas ilustram esta reportagem), coordenação de Maria Stefani Dalcin e textos de Armindo Trevisan e Jorge Adelar Finatto, o livro traduz à perfeição esse universo. O lançamento está marcado para o próximo dia 28, às 19h, na Casa de Cultura de Caxias do Sul, onde também ficarão expostas as obras até o fim de novembro.
Enquanto espera pelo evento, Bez Batti segue fazendo planos. Passou por um susto em junho deste ano, quando teve de se submeter a uma cirurgia cardíaca (nas mãos de outro artista, o médico Fernando Lucchese), mas não pensa em parar.
— Vou morrer trabalhando — avisa o mestre, sorrindo.