A prostituição feminina no Rio Grande do Sul é o ponto de partida de "Meretrizes", o novo espetáculo do Coletivo Projeto Gompa, que entra em cartaz em setembro no Teatro Oficina Olga Reverbel, em Porto Alegre.
Por quase um ano, a trupe conversou com profissionais do sexo para construir o roteiro e a dramaturgia da montagem. As histórias de mulheres à margem da sociedade serão interpretadas pela atriz Liane Venturella e sonorizadas ao vivo pela pianista Catarina Domenicci, em uma linguagem pouco explorada nas artes cênicas locais: o teatro documental.
Parte dos depoimentos colhidos durante a pesquisa serão projetados em áudio ou vídeo durante as apresentações. Duas profissionais do sexo também estarão sobre o palco.
Os relatos abordam diferentes fases de uma das mais antigas profissões do mundo - e da capital gaúcha também: a prostituição no porto, os cafetões da Praça da Alfândega, os ataques da polícia contra a "vadiagem" e a exposição de corpos como objetos de desejo na internet. O que nunca mudou foi o preconceito.
— No momento em que uma mulher é discriminada pela profissão que exerce, ainda estamos longe de pertencer a uma sociedade justa onde todas nós somos respeitadas — comenta Camila Bauer, diretora do espetáculo.
"Meretrizes" terá sessões de estreia com entrada franca nos dias 1º, 2 e 3 de setembro, às 19h, no novo teatro do multipalco, que fica no subsolo do Theatro São Pedro. Antes, em 19 de agosto, o projeto vai promover a Marcha Todas por Todas, que sairá às 15h da Usina do Gasômetro e seguirá até a Esquina Democrática. Será um pedido por respeito que deverá reunir mulheres das mais diversas profissões.
A iniciativa é realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, o Pró-Cultura RS FAC.