Inspirada em uma longa tradição acadêmica nos Estados Unidos e em países europeus, a UFRGS rompeu paradigmas ao lançar, em 2013, a primeira cátedra da universidade patrocinada por uma grande empresa - a Tramontina Eletrik, de Carlos Barbosa, na Serra. Ainda hoje incomum no Brasil, com raras exceções no ensino público (em especial na Escola de Negócios da UFRJ, onde existem as cátedras Globo e L’Oréal), a parceria completa uma década em 2023 e segue firme e forte: foi renovada até 2025.
Lá fora, as “chairs” ou “endowed chairs” (como são chamadas essas iniciativas) são fruto de um modelo que aposta na aproximação entre o meio universitário e o setor privado (organizações e pessoas físicas) como forma de acelerar avanços. A cooperação se dá de duas formas: por meio de apoio financeiro (via doações) para atividades de ensino e pesquisa e através de uma valiosa troca de experiências.
Por aqui, a assinatura do convênio na UFRGS superou resistências. A Cátedra Tramontina Eletrik (braço de materiais elétricos da Tramontina) funciona junto ao Grupo de Pesquisa sobre Marketing e Consumo da Escola de Administração. Deu tão certo que a parceria vem sendo mantida mesmo após mudanças de gestão na UFRGS, com três reitores diferentes - Carlos Alexandre Netto, que assinou o termo, Rui Vicente Oppermann e Carlos André Bulhões, que deram continuidade ao acordo, agora renovado.
— A experiência tem sido fantástica. Nesses 10 anos, recebemos apoio para a compra de equipamentos e softwares, para o financiamento de bolsas de estudo e muito mais. Temos inclusive um projeto com o MIT (Massachusetts Institute of Technology) que conta com auxílio dessa parceria — destaca o professor Vinícius Andrade Brei, coordenador da cátedra desde o início, em 2013.
Diretor da Tramontina Eletrik, Roberto Aimi prefere não falar em números. Ele diz que a parceria não se restringe a recursos financeiros (alguns milhares de reais) e se traduz em aprendizado mútuo e na quebra de barreiras.
— É uma ponte entre dois mundos, o empresarial e o acadêmico — resume Aimi.
Para os alunos, a cátedra abre portas. Para a empresa, é uma oportunidade de estar em contato permanente com estudantes de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado, na “fronteira do conhecimento”, de olho nas novas tendências de mercado.