Não há dor maior do que morte de criança. Ainda mais, de forma violenta. O que se viu na manhã desta quarta-feira (5) em Blumenau (SC), aqui, na nossa vizinhança, é inadmissível. É de perder a fé na humanidade. O que está acontecendo conosco?
Pelo que se sabe até agora, um homem invadiu a Escola Infantil Cantinho do Bom Pastor armado com um machado. Um machado! Ao menos quatro crianças morreram no ataque: três meninos e uma menina, com idades entre quatro e sete anos. Há outras cinco feridas, uma delas em estado grave. O autor se entregou.
Ainda não sabemos os detalhes do caso, mas a tragédia de Blumenau é mais um alerta. Algo vai muito mal entre nós. Desde 2002, de acordo com um levantamento divulgado recentemente por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Brasil já registra 23 ataques em escolas. Agora, são 24. Vinte e quatro atos de agressividade extrema, incompreensíveis, inaceitáveis.
Como repórter, cobri um desses casos. Estive em Suzano, no interior de São Paulo, em 2019, logo após o massacre na Escola Estadual Raul Brasil. O que encontrei lá foi um colégio em choque. Dez pessoas perderam a vida - incluindo os dois matadores, ex-alunos, conhecidos de todos, que se suicidaram. Outras 15 ficaram feridas. A maioria jovens.
São traumas que nunca serão esquecidos. Que Blumenau tenha forças para se reerguer.
O gesto de amor e coragem da professora que salvou bebês de ataque em Blumenau
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A antítese da banalidade do mal, em Blumenau, Saudades e Realengo
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Esclarecimento sobre a cobertura
GZH (ZH/DG/Rádio Gaúcha/Pioneiro) decidiu não publicar o nome, foto e detalhes pessoais do assassino de Blumenau. As pesquisas mais recentes sobre massacres deste tipo mostram que a visibilidade pública obtida pela cobertura da mídia pode funcionar como um troféu pelos autores, e estimular outros a cometer atos similares. A linha editorial dos veículos da RBS em outros casos recentes já vinha sendo a de não retratar estes criminosos em detalhes, noticiando apenas o nome e informações resumidas sobre eles. Ao restringir ainda mais esta exposição, medida também tomada por outros veículos de jornalismo profissional, buscamos colaborar para que os assassinos não inspirem novos atos de violência extrema como o desta quarta-feira (5).