Circular pelos armazéns do Cais Mauá durante o South Summit Brasil, em Porto Alegre, é, também, um exercício de linguística. Não me refiro apenas às apresentações em inglês (que, aliás, têm tradução simultânea) ou aos diálogos em idioma estrangeiro ouvidos aqui e ali em meio ao burburinho do evento, mas a um vocabulário muito peculiar - um arsenal de expressões usado com a maior naturalidade por quem está mergulhado no universo da inovação.
É “spin off” para cá, “venture capital” para lá, "pitch", "marketplace", "B2B", "B2C". Volta e meia você ouve alguém falar em “pivotar” ou em “escalabilidade”. E os unicórnios? Ô, esses são sempre muito bem-vindos. Se você tem boa “valuation” e “know-how”, então, pode esperar o “seed capital”.
Entendeu? Eu confesso que ainda me sinto meio deslocada nesse novo e instigante mundo, tipo “a mulher que sabia javanês”. No início do século 20, Lima Barreto publicou o famoso conto narrando a história do personagem Castelo, o homem que enganou uma cidade inteira fingindo falar a tal língua exótica.
Não é que eu engane alguém, mas, a cada entrevista, quando ouço um desses termos, anoto mentalmente a palavra para pesquisar mais tarde - e não pagar mico. Afinal, a gente está sempre aprendendo.
Nessas ocasiões, lembro dos recados que às vezes recebo de leitores reclamando dos meus estrangeirismos: “Por que não escreves em bom português?”, questionam alguns. Bem, depois deste texto, já vou me preparando para a enxurrada de e-mails. Ops, de mensagens!
Para saber mais
Quer entender os significados dos termos que usei acima? Em GZH, já publicamos o glossário do South Summit. É só clicar aqui e conferir.