O jornalista Caio Cigana colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
O zagueiro croata Dejan Lovren, titular da equipe que eliminou a Seleção Brasileira nesta sexta-feira (9), tem o mesmo hábito do goleiro gaúcho Alisson: o mate. Sorver o amargo típico da região do Prata sul-americano se transformou em costume também para vários atletas europeus. Muitos estão ou estiveram na Copa do Catar defendendo seus países e imagens suas de cuia na mão nos últimos anos não são raras durante deslocamentos das delegações, nos treinos e nas chegadas aos estádios.
A explicação está na convivência com jogadores e outros profissionais do esporte do Rio Grande do Sul, do Uruguai e da Argentina que foram atuar na Europa. O zagueiro inglês Eric Dier surpreendeu, há pouco mais de dez dias, ao mostrar em uma entrevista no Catar todos os apetrechos do chimarrão que levou para Copa. Em tom de brincadeira, definiu o hábito como uma espécie de vício. Ao lado do centroavante e artilheiro do Mundial da Rússia Harry Kane, que também explicava suas impressões sobre o mate, revelou que “de manhã, se não tomo, tenho sono”. No Tottenham, onde joga, seu companheiro de chimarrão é o irlandês Matt Doherty, contou o defensor.
Dier é reserva no English Team mas, se entrar em campo neste sábado na partida contra a França, estará enfrentando outro mateador: o atacante Antoine Griezmann é um antigo apreciador da infusão, inclusive nos intervalos de treinos. Aliás, o time dos adeptos do amargo na equipe francesa não é maior porque o volante e craque Paul Pogba, lesionado, foi cortado do grupo que foi ao Catar.
Outro adepto do mate que é o atacante alemão Serge Gnabry, do Bayern de Munique . Ele já revelou apreciar o chimarrão antes das partidas, o que definiu como “um ritual” às vezes dividido nas preleções com antigos colegas de vestiário em clubes, como o austríaco David Alaba, hoje no Real Madrid. Gnabry fez um dos gols da vitória alemã por 3 a 2 sobre a Costa Rica no último jogo primeira fase, mas não foi o suficiente e os tetracampeões voltaram mais cedo para casa.
O fenômeno fez surgir na imprensa europeia nos últimos anos uma série de reportagens mostrando como o hábito se instalou nos clubes do Velho Continente e depois foi levado para as seleções, ainda na Copa da Rússia, em 2018. Sempre há ainda o especial interesse em explicar o que é a erva-mate, seus benefícios à saúde, liturgia de preparação e a interação social que proporciona.