Brincalhão, tatuado, com barba e cabelos estilosos e brincos nas orelhas, Luciano Freitas da Silva é um ímã para a gurizada. De um jeito só dele, o educador social de 46 anos faz a diferença na vida de adolescentes que habitam áreas vulneráveis de Porto Alegre. Ele educa pelo exemplo.
Desde 2016, o professor é uma das peças de uma engrenagem humanitária robusta: o Centro Social Marista (leia mais abaixo), que atende diariamente mais de 1,5 mil pessoas nos bairros Rubem Berta e Mario Quintana, sem cobrar um centavo.
No contraturno da escola, Luciano recebe alunos da rede municipal em oficinas que extrapolam o ensino formal. Ali, eles aprendem sobre autoestima e respeito. São incentivados a superar os desafios de uma rotina dura, com as drogas e a violência sempre à espreita.
Nas aulas de percussão, o educador - que também é faixa preta em judô - usa a própria história como ponto de partida. Filho de músico, Luciano nasceu em uma família humilde de Alvorada. Sonhava em ter uma bateria, mas faltava dinheiro. O garoto então construiu o próprio instrumento. Hoje, faz o mesmo com os alunos.
— Pegamos um mouse velho e, com arroz dentro, temos um chocalho. Com um tonel de lixo, é fácil criar um surdo. Uma TV de tubo vira o bumbo, e assim vai. Eles amam, porque se identificam, se divertem, aprendem coisas novas. É uma forma de engajamento — conta Luciano.
As turmas se apresentam tocando de tudo, de tambores tradicionais a baldes, copos e até canetas. A maioria já sabe ler partitura e, a cada show, o orgulho transborda. Não se trata só de dominar a teoria musical. Os jovens veem no olhar carinhoso do mestre - o “vovô garoto”, como ele mesmo diz - uma prova de que é possível superar qualquer barreira.
O que é o Cesmar
O Centro Social Marista de Porto Alegre (Cesmar) é um braço da Rede Marista com 24 anos de atuação na zona norte da Capital. No local, há um colégio com 315 estudantes (todos bolsistas) e o centro social em si, com diferentes serviços e atividades.
Isso inclui o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (com 950 inscritos e um grupo de idosos no local) e o Programa Jovem Aprendiz (com 300 participantes), além do Serviço de Atendimento Familiar, que soma 200 assistências mensais na comunidade.