Mexer nas entranhas de um plano de assistência médica e hospitalar com um milhão de segurados, entre servidores estaduais, dependentes e pensionistas, não é tarefa fácil. Mas é o que está fazendo a atual direção do IPE Saúde, diante da crise que põe em risco a sustentabilidade financeira do instituto e, por tabela, a qualidade do atendimento prestado.
À frente do órgão desde março, Bruno Jatene, ex-chefe do Tesouro Estadual, reconhece que parte do anúncio oficializado ontem no Diário Oficial (leia os detalhes aqui) desagrada - e muito - entidades ligadas a clínicas e hospitais. Apesar disso, há discrepâncias que precisam ser corrigidas, sob pena de inviabilizar o IPE.
Entre elas, estão valores pagos por medicamentos acima da média do mercado - em alguns casos, 10, 20 vezes mais -, o que eleva despesas e contribui para o desequilíbrio crônico que corrói o plano.
Os representantes de estabelecimentos de saúde já deixaram claro o descontentamento com a possibilidade de perder receitas. É compreensível, já que as instituições são prejudicadas há anos por pagamentos em atraso e por serviços com remuneração defasada.
O cenário se agravou com a pandemia, a ponto de provocar ameaças de descredenciamento do sistema. Deficitário, o IPE ainda não conseguiu aumentar os honorários médicos, porque isso depende das medidas de saneamento em curso. As mudanças não são simples nem unânimes, mas, se nada for feito, será ainda pior.