O eterno poeta nasceu em Alegrete, mas viveu em Porto Alegre a maior parte da vida e se tornou um símbolo da cidade, que completa 250 anos neste sábado (26). Nos idos de 1986, quando Mario Quintana festejava oito décadas (ele morreu em 1994, aos 87 anos), a fotógrafa Liane Neves eternizou em imagens a paixão do escriba pela Capital.
— Saíamos juntos para passear pelos locais que ele mais gostava de ir. O Centro era o preferido. Um dia, sugeri um lugar diferente: a ponte do Guaíba. Fomos no meu carro. Ele ficou encantado. Lembro que dizia: “Que lindo! Nunca tinha visto a cidade deste ângulo!” — conta Liane, que registrou o momento de deleite do escritor.
Quase 40 anos depois, a imagem icônica ilustra esta página em GZH e é uma singela homenagem - na figura de um dos personagens mais ilustres da Capital - ao aniversário da nossa Porto Alegre.
Em um de seus poemas, Quintana comparou o mapa da Capital à anatomia de seu corpo. Leia:
O Mapa
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(E nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...