Nesta sexta-feira, 17 de fevereiro, completam-se 50 anos da morte de Pixinguinha. Entre outras, duas iniciativas marcam a data: os lançamentos do livro Pixinguinha, um Perfil Biográfico, de André Diniz, e do álbum Pixinguinha Virtuose, com o Sexteto do Nunca, formado para a ocasião por Henrique Cazes. Grande músico e pesquisador, Cazes também está no livro, comentando a discografia do mestre disponível nas plataformas digitais. Diz ele: “Pixinguinha é o maior nome da música brasileira na primeira metade do século 20. Além de consolidar o choro como gênero, fortaleceu a linguagem do contraponto com seu saxofone e soube incorporar em seus arranjos os batuques e as macumbas das ruas”.
Professor universitário e historiador, André Diniz tem vários livros sobre música e músicos. Neste Perfil Biográfico ele reprocessa um volume lançado 10 anos atrás com outro título. Além da sintética narrativa principal, o livro inclui a cronologia “Pixinguinha e seu tempo”, começando com o nascimento de Alfredo da Rocha Vianna Filho em 4 de maio (ou 23 de abril) de 1897 e vindo até 2021, com o lançamento do filme Pixinguinha, um Homem Carinhoso, de Denise Saraceni e Allan Fiterman. Na nova edição está ainda o texto “Família Vianna”, em que o músico (claro) Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha, lembra belos momentos do lado de dentro da história e seus amigos. E muitas fotos.
Já Pixinguinha Virtuose é o primeiro de uma série de quatro álbuns com 50 composições inéditas (!) hoje abrigadas no acervo do Instituto Moreira Salles. Mesmo quando já não se apresentava, por não ter mais fôlego para o sax (antes deixara a flauta), e o choro andar esquecido, ele nunca parou de compor. Neste primeiro álbum tem choro, valsa, samba, maxixe, com os exemplares Cazes (arranjos, cavaquinho), Carlos Malta (flauta, sax), Silvério Pontes (trompete), Marcelo Caldi (acordeom), Marcos Suzano (percussão) e João Camarero (violão 7). Maravilha pura, acredite! Música de altas esferas. E, oba!, vêm aí: Pixinguinha na Roda, Pixinguinha Canção e Pixinguinha Internacional.
Do baixo para cima
Ghadyego Carraro acústico
Em seu sexto álbum, ele decidiu ir mais fundo. Com títulos em espanhol, as seis composições de Soundscapes of South America foram construídas sobre as múltiplas possibilidades do contrabaixo acústico que alimenta a música de Ghadyego Carraro – tocado com arco, em pizzicato, como caixa de percussão.
Doutor em Música pela Universidade de Passo Fundo, onde é professor, com estudos na Itália, ele abre cada vez mais o leque de sua criação experimental e provocante. Aqui, ritmos marcados e minimalismos desafiam tanto os praticantes e apreciadores do instrumento como quem se interessa pelas sonoridades da América Latina.
Os títulos/sensações: El Viento, El Frío, La Inmensa Pampa, La Costa y el Mar, Las Montañas, La Soledad. Disponível nas plataformas digitais
Felipe Alvares elétrico
Nascido em Julio de Castilhos, formado em Música pela UFSM, doutor em educação musical pela UFRGS, fazendo pós-doutorado em Portugal, Felipe Batistella Alvares é fenômeno que alça voo na música de raiz gaúcha.
Seu baixo já tocou e gravou com meio mundo regionalista. Mas não deve ser confundido com esse “padrão”. Vai além, como prova no primeiro álbum solo, Um Lugar Seguro, tocando somente o instrumento. Estuda “a expansão do baixo elétrico em direção a uma condição de solista”. E se pode dizer: está no caminho certo.
O álbum tem seis músicas dele, mesclando jazz, chamamé, milonga e tal, como Cotidiano e Novos Rumos, e clássicos como Tropa de Osso (Borges/Zanatta) e Sétima do Pontal (Borghetti/Veco). Disponível nas plataformas digitais