No dia 28 de setembro de 1985, escrevi uma nota na coluna em ZH: "Dia 3 nasceu o Ian, filho do Vitor Ramil e da Ana, Virgem ascendente Virgem. Assim que o guri crescer mais um pouco, eles vão embora pro Rio de Janeiro". De Buenos Aires, onde está dando início às gravações do 11º álbum, Vitor acaba de me contar que vai ser avô – Ian e Laura esperam uma menina para novembro. "Que instrumento ela vai querer tocar?", adianta-se Vitor entre parênteses. Faz sentido, pois o DNA musical dos Ramil parece inesgotável. O nascimento deverá mais ou menos coincidir com a conclusão do disco do vô. A menina ainda não tem nome; o álbum já tem um, provisório, Campos neutrais.
Em Buenos Aires Vitor está gravando os violões de Carlos Moscardini e as percussões de Santiago Vazquez, parceiros de fé. Tudo o mais será feito em estúdios de Porto Alegre – por incrível que pareça, será o primeiro disco dele gravado na capital gaúcha. De cerca de 20 canções, ele selecionou 14. Não quer antecipar o espírito do trabalho, a não ser que terá arranjos para quinteto de sopros e muita diversidade, "uma mistura de gente de muitos lados, de línguas e linguagens". Entre as parcerias estão a poeta pelotense Angélica Freitas, Zeca Baleiro, Chico César, o poeta paraense Joãozinho Gomes e o poeta português António Boto. Vitor também fez duas versões, para uma música de Bob Dylan e outra do compositor galego Xoel Lopez.
E Ian Ramil, enquanto festeja a futura paternidade, segue na estrada com a turnê do disco Derivacivilização. No dia de seu aniversário, 3 de setembro, vai se apresentar na cidade mineira de Milton Nascimento, Três Pontas. Depois fará dois shows em Belo Horizonte e dois no Rio de Janeiro, fechando esta parte da turnê dia 8 em São Paulo, no Teatro do Itaú Cultural.