A demolição do Esqueletão vai demorar mais tempo para ser retomada. A obra foi embargada em 28 de fevereiro pela Superintendência do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul.
Na segunda-feira (8), a empresa FBI apresentou nova documentação solicitando a autorização para que a demolição prosseguisse. Ela é a responsável pela destruição do prédio de 19 andares do Centro Histórico.
Porém, segundo relatório do Ministério do Trabalho e Emprego, a empresa deixou de citar as proteções que o prédio precisa receber para evitar que trabalhadores tenham risco de queda em meio à destruição do imóvel. Dessa forma, toda a negociação que ocorre neste período de mais de quatro meses voltou para a estaca zero.
"A empresa Demolidora FBI, usa do subterfúgio de apresentar reiteradamente pedidos de levantamento de embargo em que não se observam o avanço das melhorias necessárias. Não se percebe foco na solução do que deve ser feito, ao contrário, há uma postergação desnecessária da situação. Foram inúmeras análises e reuniões técnicas por parte da Auditoria Fiscal do Trabalho, porém, até o presente momento, a empresa ainda não apresentou providências eficazes para a elucidação do grave e iminente risco de queda, objeto deste embargo", diz um trecho do relatório.
A empresa precisa apresentar as proteções adequadas na obra. Somente depois que isso ocorrer, uma vistoria da superintendência poderá retirar o embargo.
A ideia inicial da prefeitura era ver o prédio abaixo até maio. Agora, a demolição só deverá ser finalizada em 2025.
Quando for autorizada a destruição, a demolição do Esqueletão começará pela parte de trás do imóvel. Enquanto a primeira parte da desconstrução não ocorrer, todo o prédio ficará inacessível do 5º ao 19º andares. A última etapa prevista pela prefeitura será a implosão dos dez primeiros andares da parte do meio do imóvel.
Problemas apontados
Segundo a fiscalização, buracos abertos nas lajes apresentam risco de queda. As escadas que ligam os andares estão sem guarda corpo. A falta de elevador faz com que os trabalhadores precisem subir constantemente 18 andares.
O vão do poço do elevador foi fechado de forma improvisada. Eles precisam ter guarda corpo.
Cabos de aço receberam nós improvisados, segundo a vistoria. Fitas zebradas foram usada para proteger parte aberta do prédio. Além disso, a tela na parte externa do prédio foi mal instalada. Ela foi amarrada em vergalhões no terraço, com grandes chances de rompimento.
Até a implosão está ameaçada de ocorrer. De acordo com a fiscalização, a FBI precisará apresentar um estudo detalhado e não somente as seis páginas formuladas, que preveem a detonação.
Depois da demolição
Ainda não se sabe o que será feito com o terreno após a demolição do Esqueletão. O prédio tem cerca de 50 proprietários e há dívidas em IPTU. Em setembro de 2021, a Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) avaliou o imóvel em cerca R$ 3,4 milhões.
Já o custo da demolição será de R$ 3,79 milhões, que está sendo arcado pela prefeitura de Porto Alegre. Quem irá dizer como a administração municipal será ressarcida e qual será o futuro do terreno será o Judiciário.
Inacabado desde a década de 1950, o Esqueletão já foi interditado administrativamente pela prefeitura em pelo menos duas ocasiões, nos anos de 1988 e 1990. Também já houve interdição judicial em 2019.