Improvisações, risco demasiado aos trabalhadores e projetos simplificados. Na semana passada, uma inspeção realizada no Edifício Galeria XV de Novembro, localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, identificou uma série de problemas.
O prédio, conhecido como Esqueletão, está em fase prévia de demolição. Mesmo assim, a Superintendência do Ministério do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul informou à prefeitura e à demolidora FBI - responsável pela desconstrução - que os serviços não podem ocorrer de qualquer forma, e precisam apresentar segurança aos seus executores.
Segundo a fiscalização, buracos abertos nas lajes apresentam risco de queda. As escadas que ligam os andares estão sem guarda corpo. A falta de elevador faz com que os trabalhadores precisem subir constantemente 18 andares.
O vão do poço do elevador foi fechado de forma improvisada. Eles precisam ter guarda corpo.
Cabos de aço receberam nós improvisados, segundo a vistoria. Fitas zebradas foram usada para proteger parte aberta do prédio. Além disso, a tela na parte externa do prédio foi mal instalada. Ela foi amarrada em vergalhões no terraço, com grandes chances de rompimento.
A FBI precisará apresentar um novo plano de demolição. Também precisará executar as alterações. Por ser algo complexo, a superintendência do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul não acredita que a demolição será iniciada antes de 30 dias.
Somente após uma nova vistoria, com todas as adequações feitas, a empresa será autorizada a seguir com os trabalhos.
Até a implosão está ameaçada de ocorrer. De acordo com a fiscalização, a FBI precisará apresentar um estudo detalhado e não somente as seis páginas formuladas, que preveem a detonação.
O secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, chegou a estimar que a demolição poderia ser retomada na segunda-feira (4), após a prefeitura acordar com as sugestões dos fiscais. Porém, ainda não foi encaminhado pedido de nova vistoria.
- Vamos entregar hoje o novo plano. Até segunda-feira tudo deverá estar pronto. Terça ou quarta-feira já deveremos estar implementando as novas proteções - projeta Flores.
Depois da demolição
Ainda não se sabe o que será feito com o terreno após a demolição do Esqueletão. O prédio tem cerca de 50 proprietários e há dívidas em IPTU. Em setembro de 2021, a Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) avaliou o imóvel em cerca R$ 3,4 milhões.
Já o custo da demolição será de R$ 3,79 milhões, que está sendo arcado pela prefeitura de Porto Alegre. Quem irá dizer como a administração municipal será ressarcida e qual será o futuro do terreno será o Judiciário.
Inacabado desde a década de 1950, o Esqueletão já foi interditado administrativamente pela prefeitura em pelo menos duas ocasiões, nos anos de 1988 e 1990. Também já houve interdição judicial em 2019.