Ainda nesta semana, a prefeitura de Porto Alegre irá saber se poderá dar prosseguimento à demolição do Edifício Galeria XV de Novembro, localizado no Centro Histórico. Para convencer os auditores do Ministério do Trabalho e Emprego, que barraram a obra por falta de segurança aos funcionários envolvidos na desconstrução, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) propôs fazer algumas alterações.
Em vez de iniciar a demolição pelos andares mais altos do prédio principal do Esqueletão - como o imóvel é conhecido -, a ideia agora é colocar abaixo a parte dos fundos da estrutura, que tem acesso pela Avenida Otávio Rocha e que tem quatro andares. Com este espaço vazio, a demolidora FBI pretende instalar o elevador que dará locomoção adequada e segura aos trabalhadores.
Enquanto a primeira parte da desconstrução não ocorrer, todo o prédio ficará inacessível do 5º ao 19º andares. Além disso, a empresa vai retirar as bandejas de proteção que havia instalado e que serviria para aparar caliça. No lugar delas, uma proteção de tela será colocada de alto a baixo.
A expectativa do secretário André Flores é que essa primeira parte da demolição seja concluída em um prazo de 20 dias. Ainda em abril é viável prever que a obra voltará a ocorrer em todo o prédio.
A última etapa prevista é a implosão dos dez primeiros andares da parte do meio do imóvel. A prefeitura mantém a intenção de usar explosivos nesta etapa.
- Não há qualquer motivo para não manter o planejamento da implosão - garante André Flores.
Problemas apontados
Segundo a fiscalização, buracos abertos nas lajes apresentam risco de queda. As escadas que ligam os andares estão sem guarda corpo. A falta de elevador faz com que os trabalhadores precisem subir constantemente 18 andares.
O vão do poço do elevador foi fechado de forma improvisada. Eles precisam ter guarda corpo.
Cabos de aço receberam nós improvisados, segundo a vistoria. Fitas zebradas foram usada para proteger parte aberta do prédio. Além disso, a tela na parte externa do prédio foi mal instalada. Ela foi amarrada em vergalhões no terraço, com grandes chances de rompimento.
Até a implosão está ameaçada de ocorrer. De acordo com a fiscalização, a FBI precisará apresentar um estudo detalhado e não somente as seis páginas formuladas, que preveem a detonação.
Depois da demolição
Ainda não se sabe o que será feito com o terreno após a demolição do Esqueletão. O prédio tem cerca de 50 proprietários e há dívidas em IPTU. Em setembro de 2021, a Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) avaliou o imóvel em cerca R$ 3,4 milhões.
Já o custo da demolição será de R$ 3,79 milhões, que está sendo arcado pela prefeitura de Porto Alegre. Quem irá dizer como a administração municipal será ressarcida e qual será o futuro do terreno será o Judiciário.
Inacabado desde a década de 1950, o Esqueletão já foi interditado administrativamente pela prefeitura em pelo menos duas ocasiões, nos anos de 1988 e 1990. Também já houve interdição judicial em 2019.