Com os cofres cheios, que permitiram apresentar dez novos reforços ao técnico Eduardo Coudet em 2024, o Internacional não tem pressa para receber um valor que está aberto há dez anos, e que cresce a cada mês. O crédito no ano de 2020 passava de R$ 16 milhões.
Quem deve para o Inter é a empresa Brio. Ela foi criada pela construtora Andrade Gutierrez (AG) para gerir parte do estádio.
A AG assumiu a reforma do Beira-Rio ao custo de R$ 390,77 milhões, segundo demonstrações contábeis disponibilizadas no site do Colorado. As obras foram realizadas entre 2012 e 2014.
Para pagar a dívida, o Inter repassou à empresa R$ 26 milhões pela venda do Estádio do Eucaliptos, além de R$ 8,4 milhões em dinheiro. O restante dos valores, a construtora, por meio da Brio, é ressarcida com a administração de parte de 5.041 cadeiras e 125 camarotes, 6 mil m² de áreas comerciais e três mil vagas de estacionamento do estádio Beira-Rio, além da exploração de shows e eventos e venda do marketing esportivo do estádio.
O Inter manteve os direitos sobre bilheteria e as demais quatro mil vagas de estacionamento. Mas, no contrato, assinado em 2012, ficou definido que as despesas de manutenção do Beira-Rio, como gastos com água, luz, limpeza, manutenção, segurança e tributos seriam rateados, a partir de abril de 2014, durante 20 anos de parceria.
O Inter ficaria responsável pela maior parte do pagamento - 66%. Porém, a Brio não vem cumprindo a sua parte. Números atualizados não são informados pelo Inter ou pela empresa, que alegam que o contrato tem cláusula de confidencialidade.
O advogado contratado pelo Internacional para gerir este contrato com a Andrade Gutierrez, Eduardo Mariotti, reforça que não é possível dar detalhes do contrato. O mesmo posicionamento é trazido pelo CEO do Clube, Giovane Zanardo.
Como o Colorado é devedor da construtora, a dívida da Brio, entra ano e sai ano, segue aumentando. Uma hipótese, inclusive, é que antes do fim dos 20 anos de parceria, as duas partes se encontrem e seja decidido antecipar o período de atuação da Brio no estádio.
Em 2017, a Andrade Gutierrez até tentou vender a sua participação no Beira-Rio. E o Inter cogitou adquirir. Porém, o negócio não evoluiu.
A coluna procurou a Brio, que se manifestou. Ela também confirmou que não irá se pronunciar.
"A Brio - SPE Holding Beira-Rio S.A., empresa parceira do Sport Club Internacional na gestão compartilhada do Complexo Beira-Rio informa que, respeitando as cláusulas contratuais de sigilo e confidencialidade que regem a relação entre o clube e a Brio, não irá se pronunciar sobre qualquer tema que venha a infringi-las. Portanto, também não irá se posicionar sobre as recíprocas pendências financeiras existentes. A Brio ressalta, ainda, que a citada responsabilidade contratual por sigilo e confidencialidade é mútua", informa a nota enviada pela assessoria de imprensa.