A possibilidade da desistência da AG em administrar sua parte do Beira-Rio anima o Inter. O clube inclusive já teve uma reunião com representantes do BTG Pactual sobre o assunto. A ideia dos dirigentes é oferecer à Brio que passe a administrar as áreas e, em troca, partilhe o lucro. A estratégia é usar a força de sua marca e o apelo com a torcida para vender espaços como camarotes, skyboxes e cadeiras VIPs, entre outros.
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Pela primeira vez, a Andrade Gutierrez admite a possibilidade de abrir mão da administração de sua parte no Beira-Rio. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o CEO da construtora, Ricardo Sena, afirmou que a empresa pretende investir fora do Brasil e que colocaria à venda suas participações. Como é a administração do estádio do Inter, em que a AG é a maior acionista da Brio, holding criada para gerir algumas áreas por 20 anos desde a conclusão da obra, em 2014. O outro acionista é o BTG Pactual.
Assumindo a gestão dos espaços hoje com a Brio, o Inter poderia gerir conforme sua vontade e necessidade. Para a Andrade Gutierrez, o negócio seria vantajoso por não precisar mais injetar dinheiro para sanar o déficit da holding. A Brio hoje consegue lucro operacional. O que significa isso: arrecada mais do que gasta em suas áreas no estádio. O problema é que o dinheiro não alcança o suficiente para pagar o empréstimo feito ao BNDES, os R$ 350 milhões que bancaram a reforma entre 2012 e 2014, à época assinado depois de pressão da ex-presidente Dilma Rousseff. No plano do Inter, está fora de cogitação participar do pagamento desse débito. A ideia é simples: troca de área por divisão de lucros.
O contrato firmado com o Inter para a reforma do estádio obriga a Brio consultar o clube em caso de venda da gestão dos espaços. Qualquer oferta recebida deve, necessariamente, ser apresentada antes ao parceiro, que decide sobre cobri-la ou não.
A direção mostra otimismo e aposta na inexistência de outros interessados no negócio. Oficialmente, porém, nenhum dirigente se manifesta. O discurso é semelhante na Brio. Paulo Pinheiro, designado presidente da holding em fevereiro, evita se aprofundar sobre as declarações do CEO da Andrade Gutierrez.
– Não me cabe comentar a declaração de um acionista. O que posso dizer, com tranquilidade, é que a mim não chegou qualquer tipo de informação sobre este assunto – diz.
Segundo Pinheiro, o orçamento de 2017 está aprovado, e o planejamento para o ano, posto em ação. Em sua visão, tudo "caminha bem, em uma escala de crescimento dentro da normalidade de um negócio deste porte". Projeta que um aumento de 30% a 40% das vendas dos espaços no estádio permitirá, inclusive, pagar as parcelas da dívida com o BNDES, estendidas por 20 anos.
– Se houvesse qualquer mudança de planos, eu seria o primeiro a ser avisado – diz Pinheiro.
O gestor voltou a trabalhar ontem, depois de 10 dias férias nos EUA, onde foi visitar o filho, em intercâmbio no país. Sem esconder detalhes da operação no Beira-Rio, se mostrou aberto e disposto a responder a todas os questionamentos, que também se reproduziram em seu escritório, composto por 20 pessoas, algumas delas recém buscadas no mercado.
Apesar de negar qualquer rumor sobre uma eventual negociação da Brio, ele não descarta fazer uma parceria com o clube, para atrair torcedores e, de outra ponta, alavancar os negócios.
– Mas descartamos entregar a administração de alguma área.