Nas próximas semanas, o antigo Cine Imperial, localizado na Rua dos Andradas, voltará a receber movimentação. Ainda não será a reabertura desde clássico imóvel de 1931, que abrigou cinemas de rua da Capital até 2005.
Por enquanto, a circulação de pessoas estará relacionada com a retomada da revitalização do prédio. A obra está parada desde 2017.
A empresa Enclimar será a responsável pelo serviço, que começará em julho. O contrato tem duração de dois anos. Para realizar o trabalho, ela irá receber R$ 18,54 milhões. Os custos serão arcados pela Caixa, que poderá usar parte da área para um projeto cultural pelo prazo de 30 anos.
Nos últimos dias, a prefeitura de Porto Alegre realizou duas vistorias no local. A última delas ocorreu nesta quinta-feira (1) e contou com a presença do prefeito Sebastião Melo.
- Aqui é a Praça da Alfândega. Aqui começou a cidade. Eu mesmo vim neste cinema. O sapo parece que foi desenterrado. Em julho, a empresa começará a obra - comemora o prefeito.
A Rocha
Fechado há 18 anos, o prédio começou a ser restaurado em 2007. Parou em 2011, após o surgimento de uma rocha de grandes dimensões. Ela foi descoberta quando foram iniciadas as escavações do pavimento térreo para o subsolo. Em 2015, a reforma foi retomada e durou até 2017, quando a empresa responsável abandonou a construção. E resta desmanchar 30% da grande rocha, que ainda resiste.
- Isso vem desde 2004. É fruto de uma questão negociada lá no final do governo (João) Verle. Passaram-se todos esses anos. E esse é um tema que eu pautei desde o início, em função da revitalização do centro. Muitas tratativas (ocorreram) já no governo anterior, do Bolsonaro, e que o atual governo deu continuidade - relembra Melo.
Nos três primeiros três andares irá surgir o projeto Caixa Cultural. Nele haverá um cine-teatro com 650 lugares — capacidade semelhante à do Theatro São Pedro —, além de salas para exposições e um miniauditório.
O prédio pertence à prefeitura, que, como contrapartida, deverá ocupar oito dos 11 andares. De acordo com Melo, ainda não há definição de como o imóvel será ocupado. Mas a Secretaria Municipal da Cultura - que hoje está no Paço - é uma das que deve preparar a mudança.
História
O edifício, de 1931, foi um dos primeiros arranha-céus da cidade. Ele era ladeado por casarios, que foram derrubados e deram lugar, nos últimos anos da década de 1930, ao edifício do Clube do Comércio. O cinema tinha 1.632 lugares. É um dos grandes exemplares da art déco no Brasil. Passou por duas reformas, em 1960 e 1987, quando foi inaugurado o Cinema Guarani, e, em abril de 2004 foi tombado como patrimônio histórico municipal.