As novas obras no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho vão começar em breve. A GAM3 Parks recebeu autorização da prefeitura para realizar as melhorias que se propõe.
Mas uma área próxima seguirá intocada, pelo menos por enquanto. Esse espaço de 12 mil metros quadrados fica ao lado da Câmara de Vereadores. Ele não estará sob responsabilidade do consórcio GAM 3 Parks. Atualmente, nem da prefeitura ele é.
O mato tomou conta do terreno. Quase não se percebe mais os ferros que chegaram a ser instalados.
Trata-se da área que hoje recebe as fundações do que seria a sala sinfônica e a concha acústica da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). A obra foi abandonada há oito anos. A construção começou a ocorrer ainda em 2012.
O terreno hoje é de propriedade da Fundação Cultural Pablo Komlós, criada em 2004 com o objetivo de viabilizar a construção de uma sede própria para a Ospa. Até 2020, a intenção era devolver o terreno à prefeitura. Mas a situação mudou.
As obras serão retomadas. Tratativas conjuntas estão ocorrendo entre Fundação Pablo Komlós, Fundação Ospa e prefeitura de Porto Alegre.
Neste primeiro momento, a Fundação Ospa está realizando um novo estudo de viabilidade da região. Está sendo identificado o que pode ser feito. Já ficou acordado que o espaço será usado para atividades culturais.
- Tratativas conjuntas da Fundação Pablo Komlós, Fundação Ospa e Secretaria de Planejamento e Gestão da Prefeitura de Porto Alegre, resultaram na perspectiva de utilizar o terreno para atividades culturais, inclusive reaproveitando as fundações que chegaram a ser construídas. Desta forma, a Fundação Ospa está procedendo estudo de viabilidade para um possível espaço cultural no local - informa o presidente da diretoria executiva da Fundação Pablo Komlós, Geraldo Ferreira Lopes.
Ainda não há detalhes dos valores da obra, quem irá financiá-la, e que tipo de construção o terreno receberá. A certeza é que o local terá ocupação, dando fim ao abandono atual.
Devolução de dinheiro
Um convênio chegou a ser firmado entre o governo gaúcho e a União e previa investimento de R$ 23,86 milhões na obra, sendo R$ 19 milhões da União e R$ 4,77 milhões de contrapartida da secretaria Estadual da Cultura. A obra foi anunciada em 2006, mas o único repasse da União ocorreu em julho de 2012: R$ 1,21 milhão.
A parte das fundações da obra foi executada pelas construtoras Serki e Epplan. Somente essa etapa custou R$ 477 mil. Porém, quando se chegou no momento de executar a construção do prédio, os trabalhos foram interrompidos.
A construtora Cisal, responsável pela parte final do projeto, alegou desajustes com o que havia sido feito até então. O governo gaúcho recusou a assinatura de um aditivo no valor de R$ 1 milhão e rompeu o contrato com a empresa, que ingressou na Justiça para receber os valores devidos. A segunda colocada da licitação, a Portonovo Empreendimentos, aceitou realizar essa parte da construção, o que acabou não acontecendo.
O contrato, então, chegou ao fim e o Ministério da Cidadania determinou que a integralidade do valor repassado fosse devolvido. Em março de 2020, o governo do Estado confirmou que devolveu R$ 2,13 milhões - em valores corrigidos - aos cofres da União.
Na área abandonada, ao lado do parque Maurício Sirotsky Sobrinho, se chegou a projetar a construção de uma concha acústica da Ospa, museu e projeto social Escola da Música. Porém, o convênio do governo gaúcho com o Ministério da Cultura (MinC), responsável pela maior parte do investimento no projeto, venceu em julho de 2019.
O terreno havia sido cedido pela prefeitura de Porto Alegre. Porém, a fundação chegou a informar não ter mais pretensão em ocupar o espaço e todos os esforços foram reunidos para realizar a conclusão das obras no espaço localizado no Centro Administrativo Fernando Ferrari.
Casa da Ospa
Sem uma casa própria, a Ospa obteve um espaço no Centro Administrativo Fernando Ferrari. Nele foi construído um ambiente para as apresentações, com capacidade para 1,1 mil espectadores. O local foi inaugurado em 2018, e foi cedido por 30 anos.