Vai demorar um pouco mais para a prefeitura de Porto Alegre poder retomar uma parte do terreno do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. A área foi repassada para Fundação Cultural Pablo Komlós para que fossem construídas a sala sinfônica e a concha acústica da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa).
O motivo é o avanço do coronavírus. As negociação foram interrompidas e não há previsão de quando serão retomadas.
"Estávamos em processo de agendamento das reuniões com a prefeitura para finalização das tratativas, quando iniciou a pandemia. Entendemos a situação completamente atípica, e estamos no aguardo dos desdobramentos, quando for possível, em função do panorama atual", informou a fundação.
A obra foi abandonada há mais de seis anos. A construção começou a ocorrer ainda em 2012. A inauguração era prevista para março de 2016. Seriam 12 mil metros quadrados com espaço para uma plateia de 1,5 mil pessoas e estacionamento para 345 vagas.
Um convênio chegou a ser firmado entre o governo do Estado e a União e previa investimento de R$ 23,86 milhões na obra, sendo R$ 19 milhões da União e R$ 4,77 milhões de contrapartida da secretaria. A obra foi anunciada em 2006, mas o único repasse do Ministério da Cultura ocorreu em julho de 2012: R$ 1,21 milhão. Em março de 2020, o governo do Estado confirmou que devolveu R$ 2,13 milhões - em valores corrigidos - aos cofres da União.
A parte das fundações da obra foi executada pelas construtoras Serki e Epplan. Somente essa etapa custou R$ 477 mil. Porém, quando se chegou no momento de executar a construção do prédio, os trabalhos foram interrompidos.
A construtora Cisal, responsável pela parte final do projeto, alegou desajustes com o que havia sido feito até então. O governo gaúcho recusou a assinatura de um aditivo no valor de R$ 1 milhão e rompeu o contrato com a empresa, que ingressou na Justiça para receber os valores devidos. A segunda colocada da licitação, a Portonovo Empreendimentos, aceitou realizar essa parte da construção, o que acabou não acontecendo. O contrato, então, chegou ao fim e o Ministério da Cidadania determinou que a integralidade do valor repassado fosse devolvido.
Na área abandonada no Parque da Harmonia se chegou a projetar a construção de uma concha acústica da Ospa, museu e projeto social Escola da Música. Porém, o convênio do governo gaúcho com o Ministério da Cultura (MinC), responsável pela maior parte do investimento no projeto, venceu em julho de 2019.
O terreno havia sido cedido pela prefeitura de Porto Alegre. Porém, a fundação informou não ter mais pretensão em ocupar o espaço e todos os esforços foram reunidos para realizar a conclusão das obras no espaço localizado no Centro Administrativo Fernando Ferrari.
Há planos da prefeitura de construir no local um centro administrativo que reuniria secretarias e departamentos que hoje pagam aluguel por usar sedes que não são próprias.