A região do Anfiteatro Pôr do Sol vai voltar a ganhar movimento. O assunto está sendo tratado pela prefeitura de Porto Alegre. A área, hoje esvaziada, contrasta com os trechos um e três da orla do Guaíba, que já foram recuperados.
E essa ocupação irá ocorrer antes da revitalização que está prevista para ocorrer nos próximos anos. Sem Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) desde 2020, a estrutura do anfiteatro está comprometida e toda pichada.
O palco já não pode mais ser usado, pois o piso não oferece segurança. Em março de 2020, um incêndio atingiu o local.
O anfiteatro não recebe shows desde maio de 2019. Na ocasião, um palco montado à frente da edificação.
Proteção às tartarugas
Um agravante é a presença de tartarugas no local. Uma ação civil tramita na 10ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre. De acordo com a Procuradoria-Geral do Município (PGM), não houve deferimento de liminar, porque o município comprovou que tinha tomado medidas de proteção aos animais.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) criou uma série de diretrizes para permitir o uso do local sem que traga prejuízo ambiental.
- São mais de 20 itens, a curto, médio e longo prazo, além de ações que precisam ser adotadas para eventos específicos - destaca o diretor de licenciamento e monitoramento ambiental da Smamus, Lisandro Gonçalves.
Alguns exemplos são o cercamento das áreas habitadas pelas tartarugas, colocação de placas informando sobre a presença dos animais, monitoramento constante de biólogos na região, que permita uma rápida ação de proteção, além da restrição de circulação de veículos.
Cidade do Samba
Atendidas às diretrizes, quem primeiro poderá usar o espaço serão as entidades carnavalescas. Duas reuniões já foram realizadas com representantes da prefeitura.
A ideia é transferir para o anfiteatro eventos dos blocos de rua, que tradicionalmente ocupam o bairro Cidade Baixa. As escolas de samba também poderiam poderiam realizar ensaios. A mobilização está sendo conduzida pelo Coletivo Inconfidentes do Samba.
- O carnaval foi excluído do centro de Porto Alegre. A orla do Guaíba está excludente para esse tipo de cultura, a cultura popular. A gente precisa fazer essa inclusão. Precisamos socializar o espaço público - informa Vitor Hugo Narciso, um dos integrantes do grupo, mais conhecido como mestre Gavião.
A Cidade do Samba seria montada uma vez por mês e teria estrutura de bares, palco para apresentações artísticas, banheiros ecológicos, caixas eletrônicos, artesanatos e sala do turista, segurança privada, brigada de incêndio, além de um espaço destinado para a área da segurança pública. Uma reunião com o prefeito Sebastião Melo é aguardada para chancelar a parceria.
- Sobre o uso dos carnavalescos, nós temos total interesse que isso aconteça. Nós vemos com muitos bons olhos. A gente tem focado muito nas parcerias para que as pessoas possam usar os espaços públicos cada vez mais. O pessoal demonstrando interesse em continuar com essa ideia, a gente vai levar a ideia para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, onde tem o escritório de Eventos. A partir dali, com todo nosso apoio, eles vão conseguir, seguindo as diretrizes do estudo, montar o evento deles. Nós vamos apoiar eles de todas as formas possíveis - destaca o diretor de Parcerias e Concessões da Secretaria Municipal de Parcerias Estratégicas, Pedro Meneguzzi.
Futuro do trecho 2
A prefeitura está avaliando duas propostas para o trecho 2 da orla do Guaíba. Em ambos os casos, o destino do Anfiteatro Pôr do Sol será a demolição.
Ao final da análise, uma consulta pública e uma audiência pública serão realizadas. Antes de ser publicado, o edital de concessão ainda passará por análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Este processe ainda deverá durar uns dois anos antes das primeiras obras começarem a sair do papel.
- Nós temos um projeto de longo prazo para a Orla 2. Digo de longo prazo porque recém nós recebemos os estudos. Estamos analisando eles. Então é algo para mais de dois anos, acredito eu. Porém, nós não podemos deixar uma área tão privilegiada ociosa. Toda a atividade que nós conseguirmos captar pra lá, nós vamos ser parceiros. Tudo que as diretrizes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente permitirem nós, com certeza, seremos parceiros de atrair e apoiar esses eventos - finaliza Meneguzzi.