Diz o provérbio que o cavalo encilhado não passa duas vezes. Tão afeito ao animal, o gaúcho não soube domá-lo.
A ferrovia Norte-Sul é tratada pelo governo federal nas últimas décadas. A ampliação é vista como sinônimo de retomada deste modal, tão usado no Brasil num passado distante. Das promessas aos atos, obras e concessões surgiram.
Porém, tão dependente das rodovias, os gaúchos não fizeram força suficiente para reativar linhas velhas e sucateadas. Preferiu unir esforços, formar comitivas e cobrar dos últimos governos que a priorização dos recursos fosse dada para obras de duplicação.
Está errado? Em parte, não. A cada anúncio de obra, liberação de verba e entrega de parte das construções todos saudamos.
Mas não podíamos ter abdicado tanto do assunto. O resultado é este, que foi divulgado em GZH. Nossa malha ferroviária encolheu. E a cada ano que passa, retomá-la torna-se ainda mais dispendioso.
Detalhe: somos também muito ruins em rodovias. No Rio Grande do Sul temos apenas 8% de rodovias pavimentadas e a média nacional é 12%.
Nos faltou articulação política, nos faltou batalhar para não sermos tão dependentes apenas do asfalto. Os últimos governos não sentiram esse desejo os gaúchos. E o tema foi ficando nos escaninhos de Brasília.
A ferrovia Norte-Sul parou, então, em São Paulo. O governo federal já não fala em trazê-la para o Sul. A promessa é reativar as linhas atuais, até o Sudeste. E, a partir daí, colocar os gaúchos de volta aos trilhos, em conexão com o transporte de cargas por este modal.
O contrato atual, com a empresa Rumo SA, vence em 2027. Fala-se numa prorrogação de vínculo com a atual concessionária. Mas a que preço? E em quais condições?
E antes de pensarmos em prorrogação, por que não exigir que a atual concessionária cumpra o que está previsto no contrato? E por que a ANTT não cobra o que já está previsto?
Nós ainda não soubemos tratar do tema de forma adequada. E querer fazer uma discussão açodada neste momento pode fazer até o cavalo sem cela deixe o gaúcho na mão.