A empresa Viação Alto Petrópolis (VAP), que integra o consórcio Via Leste, distribuiu comunicado aos seus funcionários na quarta-feira (23). De acordo com o documento assinado pela direção, a demora na definição sobre o preço da passagem de ônibus faz com que a empresa não tenha condições de honrar integralmente, e em dia, o pagamento de salários.
"Destaca-se que em 01/02/2022 houve reajuste nos salários dos trabalhadores em 10,60% e que só o preço do óleo diesel subiu 75% nos últimos 12 meses", informa o comunicado.
A VAP informa que, quando ocorrer o repasse dos valores devidos por parte da prefeitura, voltará a honrar com seus compromissos imediatamente. Segundo a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), o problema se repete na maior parte das empresas.
- A partir de agora, tanto o vale alimentação quanto o pagamento referente à folha (salarial) poderão sofrer atrasos ou parcelamentos - revela o engenheiro da ATP, Antônio Augusto Lovatto.
De acordo com cálculo da associação, a prefeitura deve R$ 14 milhões às empresas. Desse total, R$ 2,8 milhões são referentes à divida de abril e maio do ano passado e o restante se refere a valores de fevereiro e março de 2022.
Esse valor corresponde à diferença entre o que é pago pelo passageiro - R$ 4,80 - e o que é de fato devido, chamado de tarifa técnica. Até fevereiro, o preço real da tarifa era R$ 5,20. Agora, as empresas informam que chega a R$ 5,70.
Segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, os valores a serem transferidos para às empresas só serão conhecidos quando houver a definição do preço da passagem. E, novamente, a prefeitura diz aguardar definição sobre aporte do governo federal para definir qual será o valor da tarifa.
"Em relação ao reajuste da tarifa, a prefeitura informa que os valores a serem aportados são objetos de estudo. A administração municipal tem buscado junto ao Governo Federal apoio para o financiamento das isenções federais do transporte público, através do custeio dos idosos com mais de 65 anos. Paralelo a isso, está fazendo todos os esforços para qualificar o sistema e reduzir o impacto sobre o valor da tarifa para a população. A exemplo do que foi feito no ano passado, a diferença que houver em relação a tarifa técnica e a decretada será repassada aos operadores do sistema", informa nota enviada pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana.
O prefeito Sebastião Melo estabeleceu prazo até o final de março para decidir sobre o valor da tarifa. A EPTC ainda precisa fechar o seu cálculo sobre o percentual de reajuste.
Depois disso, o Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu) se reúne para definir o valor. Posteriormente, o prefeito se manifestará anunciando o valor final, com ou sem subsídios, e a partir de quando valerá o novo preço da tarifa.