A partir de agosto do ano passado, Porto Alegre voltou a ter a instalação de relógios de rua. A capital gaúcha estava sem esse tipo de equipamento desde julho de 2015, quando terminou o contrato com a antiga operadora.
A empresa Clear Channel Brasil é a responsável pela instalação de 168 relógios até agosto de 2022. Desse total, 163 já ganharam às ruas, cumprindo o prazo estipulado.
A instalação e manutenção dos equipamentos não tem custo para a cidade. A prefeitura irá lucrar R$ 81,71 milhões durante os 20 anos de concessão. Desse total, R$ 65,37 milhões serão pagos em 216 parcelas iguais a contar de fevereiro de 2022.
O montante é devido pela Clear Channel Brasil, que usa os espaços de propaganda nos relógios para arcar com os custos, pagar a dívida e lucrar. Porém, quem passa pelos marcadores percebe o número pequeno de anunciantes.
E não é só uma percepção. A arrecadação da empresa está prejudicada. De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), do total devido, R$ 8,37 milhões já foram quitados.
Resta uma dívida de aproximadamente R$ 8 milhões. E, há oito meses a empresa precisa pagar R$ 248,55 por relógio em funcionamento. Até março, esse total chegava a R$ 30,32 mil. A Smoi notificou a empresa para que regularizasse a situação.
Mas a concessionária pediu para renegociar esses valores. Devido às medidas de restrição e a atual situação, a comercialização dos espaços publicitários tem sido prejudicada.
Mesmo com as dificuldades encontradas, a Clear Channel Brasil destaca que tem cumprido com o prazo de instalação dos relógios de rua. A empresa destaca que o cronograma de execução está bem à frente do que foi estabelecido pela prefeitura.
"A pandemia provocou impacto imediato nos investimentos com publicidade, impulsionado pelas necessárias medidas de confinamento e incertezas sobre o futuro. A mídia out of home foi uma das que mais sofreu nessa recessão, afetada diretamente pela diminuição da circulação de pessoas nas ruas e estabelecimentos comerciais", destaca nota da empresa.
- Mesmo com o momento de excepcionalidade que vivemos, estamos vigilantes na fiscalização e garantia do cumprimento dos contratos vigentes. Assim como a instalação dos equipamentos, que vem cumprindo com o cronograma, os valores de outorga são de grande importância para os cofres do município e garantiremos que sejam quitados -, garante o secretário Pablo Mendes Ribeiro.
O mesmo problema é enfrentado pelo grupo Imobi, responsável pela instalação das placas de rua. Do valor que já precisava ser pago - R$ 1,8 milhão, foram quitados R$ 450 mil. A empresa e a secretaria acordaram, ainda em 2020, que o valor devido seja quitado, de forma parcelada, ao final das medidas de restrição.
- Todos os clientes que estavam fechando negócio conosco cancelaram porque não sabiam como ia ser o cenário futuro. A consequência disso foi que nós, para não atrasarmos o cronograma de instalação, pedimos para pagar valor menor de outorga inicial e quitar o resto depois da pandemia. Depois passamos a enfrentar escassez de material como chapa e ferro. Ficamos um mês sem instalar praticamente nada no final do ano passado. Também enfrentamos falta de tinta em outros meses - avalia o sócio-diretor do Grupo Imobi, Daniel Costa.
Ao todo, já foram instaladas mais de 10 mil novas placas de rua desde abril do ano passado. O grupo Imobi é o responsável pela colocação e manutenção pelos próximos 20 anos.
No total serão instaladas 82,4 mil placas pela cidade até 2023. A empresa poderá fazer a exploração publicitária como forma de contrapartida e precisa pagar R$ 18 milhões à prefeitura ao longo do período de concessão. As placas não ganham renovação desde 2012.