Após um recuo das partes envolvidas - depois que a coluna divulgou que o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) barrou um acordo para a retomada das obras no entorno da Arena do Grêmio -, o assunto voltou à mesa de negociação. A expectativa é que, dessa vez, as divergências entre todos sejam superadas. O ponto de largada é o último acordo.
Nele, apesar dos questionamento dos promotores, em linhas gerais, houve avanço sobre a proposta anterior, de 2019. A Caixa Econômica Federal não criaria empecilho como ocorreu no ano passado. As dúvidas ficaram em dois pontos específicos. Uma empresa seria criada para executar as obras, a Arena 2. Segundo o promotor Ricardo Schinestsck Rodrigues, isso dificultaria acioná-la caso as contrapartidas deixassem de ser executadas.
Também houve contrariedade sobre as garantias dadas. Os recursos viriam dos valores arrecadados com os sócios e das lojas Grêmio Mania. Na proposta, segundo os promotores, não ficou claro o que ocorreria se os pagamentos não fossem feitos, principalmente agora durante a pandemia do coronavírus, quando a arrecadação com sócios e vendas nas lojas diminuiu.
Agora, neste novo acordo, a OAS assume as obras, o que, por sinal, sempre foi sua responsabilidade. Assim, os promotores poderão acionar a empresa se ela não cumprir com o acordo.
Outro ponto alterado envolve as garantias apresentadas pelo Grêmio. O clube não alterou o montante que será destinado às obras - R$ 43 milhões. Esse recurso deixa de ser repassado para o pagamento referente à construção do estádio e será destinado para a OAS finalizar as obras. O que foi alterado é que o Grêmio inclui todo o seu patrimônio como garantia.
Estes foram os principais pontos que foram abordados pelo promotor Ricardo Schinestsck Rodrigues e que, nesta nova edição, estão sendo modificados. Ou seja, na teoria, essa atualização de grandes chances de prosperar desde que não surja algum envolvido que queira chamar o protagonismo do caso para melar essa proposta que, aparentemente, agradaria todos os envolvidos.
Procuradas, a OAS e a Arena Porto Alegrense ainda não se manifestaram sobre o assunto. Elas não confirmaram nem negaram.
Em contato com integrantes do Tricolor, a coluna ouviu que "estes são os ajustes que estão sendo propostos". Porém, o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, negou qualquer tipo de nova proposta ou aprimoramento da anterior. Inclusive chegou a dizer que, hoje, o clube está mais propenso a esperar os 12 anos para assumir a gestão da Arena.
- O Grêmio não está trabalhando nova proposta, tampouco participando. O Grêmio não participará disso. Examina a hipótese de sair do negócio. Nem fará qualquer proposta. Ninguém no Grêmio está autorizado a participar disso - destacou Bolzan.
A proposta já está nas mãos da prefeitura de Porto Alegre, que ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. O caso deve ser analisado pela Procuradoria-Geral do Município (PGM). O acordo, além da sinalização positiva para o começo dos trabalhos, propiciaria a liberação do habite-se as torres residenciais do condomínio Liberdade 2, ao lado do estádio. O Liberdade 1 já foi liberado.
Essa é a sexta tratativa construída desde 2012. As cinco anteriores tiveram desfecho negativo. As obras no entorno da Arena do Grêmio completaram, em março, cinco anos paradas.
Quando forem retomadas, elas devem durar quatro anos e 10 meses. A prefeitura precisará realizar desapropriações nas áreas.
Os trabalhos começariam na rotatória entre as avenidas A.J.Renner, Padre Leopoldo Brentano e rua José Pedro Boéssio e continuariam pelo 1,8 quilômetro da A.J. Renner em direção à rua Dona Teodora, concomitante à limpeza e desassoreamento da rede coletora pluvial. Por fim, seriam feitas as melhorias na Padre Leopoldo Brentano e na José Pedro Boéssio e seriam construídas as últimas contrapartidas: uma nova estação de esgoto e um batalhão da PM. O investimento também seria escalonado, começando com R$ 1,2 milhão no primeiro ano e chegando a R$ 14,5 milhões nos últimos 10 meses.